Carta de despedida de uma alma sonhadora
A vós, mui dilectos leitores e companheiros das letras encantadas,
Venho por meio desta missiva declarar o término de um ciclo que por longo tempo me trouxe alegrias incontáveis. Assim, encerro minha jornada por entre os escritos de ficções mil, onde outrora vaguei em devaneios e fantasias, e onde tantas vezes derramei risos e lágrimas em companhia vossa.
Agradecida sou, de coração inteiro, a quantos me ofertaram palavras gentis e presença constante. Mas urge, infelizmente, que me retire deste universo encantado, qual mundo irreal e fantasioso que é esta estimada plataforma de leitura.
Dói-me, confesso, abandonar as madrugadas insones em que, acalentada por tramas e personagens, ri como louca e padeci por heróis e vilões que nem mesmo carne possuem. Deixar-vos, e deixar estas páginas que tanto me foram abrigo, é um fardo que carrego em nome de minha própria sanidade.
Tal partida não se dá por leviandade, mas por motivo justo e cruel: os estudos — esse jugo moderno — têm minado minhas forças, e requerem de mim mais do que posso dar estando dividida entre o real e o onírico.
Se um dia hei de regressar, só o tempo poderá dizer, pois o futuro, esse senhor caprichoso, jamais revela seus intentos com antecedência. Mas, quem sabe, se os ventos do destino forem favoráveis e os livros da vida me levarem à formatura em Medicina, talvez então eu retorne — com jaleco branco no corpo e saudade no peito — para mais uma vez navegar entre histórias e sonhos.
Despede-se, pois, esta humilde leitora e comentadora de tolices,
com o coração apertado, mas com esperança de que, em outras margens, nos reencontremos.
Com saudade e gratidão,
vossa sempre, Maaadu !