Li por aí que uma autora gringa teve seu livro censurado porque o personagem se apaixona por uma menina desde "muito pequena", e à medida que ela cresce a trama vai evoluindo. É um livro de suspense. Sabe, eu acho que arte em geral não é pra agradar público, é para intrigar, para apresentar a sociedade e levantar questionamentos do público. Exemplo: Machadão não tava preocupado se a Capitu traiu, mas em mostrar o discurso nitidamente machista do Dom Casmurro, que inclusive faz-se questão de deixar claro que é um insuportável.
Lolita não se trata da p******a, mas de como o Hubert é um personagem que personifica esse tipo de monstro. Mas a maioria tem a mente alienada e não percebe que está se dividindo exatamente como o autor está criticando que a sociedade faz.
Portanto, é bem simples: se não INCENTIVA o ódio, não é censurável. Se fosse assim, A Lista de Schindler e A Outra História Americana teria sido banida. Mas são retratos da sociedade cuja ideia era questionar o nazifacismo, entendem?
Retratar o podre da sociedade é o que motiva a arte. Eu sou questionadora de mil coisas (tô batendo de frente juridicamente várias causas de invisibilidade materna, hoje mesmo foi uma bateção de perna pela Procuradoria e MP. Não sou de passar raiva sozinha).
Procurem Marina Abramovic, o robô "Can't Help Myself" de Sun Yang e Peng Yu.
A arte não é pra agradar o público. O público não sabe o que quer ver, e na maioria das vezes, o público procura ser impactado SIM. E a arte é a forma que temos de comunicar através de todas as formas de semiótica.
Mesmo assim, quem só enxerga um lado do espelho misturará panfletagem barata de preconceitos e idealismos retrógrados com arte.