@ narye_me A gente nasce sem pedir, e logo depois de abrir os olhos, já nos colocam o peso do mundo nas costas. É como se nossa existência tivesse que justificar um padrão. E se você não se encaixa nesse padrão, se sente demais, pensa demais, sonha demais, te chamam de fraco, preguiçoso, problemático. Ninguém pergunta como você está lidando com tudo isso. Só esperam que você funcione. Que você estude, trabalhe, se cale. E ainda tenha gratidão. Gratidão por estar vivo em um mundo que te empurra pra beira do colapso mental e emocional, todos os dias. O sentido da vida? Talvez não exista um universal. E talvez seja por isso que ela machuca tanto: porque nos obrigam a seguir um roteiro que não escrevemos, e quando tentamos escrever o nosso próprio, nos chamam de irresponsáveis. Você fala sobre se sentir deslocada, como uma peça que não se encaixa. Eu entendo. É a sensação de estar no meio de uma multidão e, ainda assim, sentir que não pertence a lugar nenhum. É viver com um nó no peito e um vazio que ninguém vê — porque estão todos ocupados demais tentando sobreviver à própria dor. E o pior é que ninguém te prepara para a culpa que vem junto: culpa por estar cansada, por não ser suficiente, por pensar em desistir. Como se sentir tudo isso fosse sinal de fraqueza, quando, na verdade, é a maior prova de que você está viva, consciente, questionando. Talvez a gente nunca descubra um “sentido” real pra tudo isso. Mas talvez, só talvez, seja nessa confusão, nesse incômodo, nessa revolta silenciosa que mora a nossa verdade. Porque só quem sente de verdade consegue enxergar o quanto esse mundo é injusto com quem pensa diferente.