Essa carta deveria soar como poesia, palavras bonitas formam sentindo em linhas paralelas e tentam ao máximo evitar aquele assunto para que minha bagunça não se expanda ao seu interior tão lindo.
Se eu fosse bom com metáforas, isso teria chance de ser doce, mas se não fosse pelo amargo em meus lábios, esse parágrafo ao menos teria sabor. Talvez nem tenha sentido ou direção, porque é algo confuso, um misto de emoções gritando no meu interior por algo que não entendo.
Eu joguei a sujeira para debaixo do tapete, torci para você não notar e resolver me deixar em seu abraço por mais tempo (e quanto tempo você quiser antes de decidir que não sou suficiente, eu não me importo).
É como se eu dissesse adeus para alguém que está vivo e mesmo que seu coração bata e sua pele esteja tão linda quanto nunca, sinto que você não está realmente aqui, então por que você prometeria ficar?
Aposto que você nem mesmo consegue entender do que isso se trata.
Eu sempre fui aquele que observa tudo no seu olhar, aquele que se magoa com sua maneira de falar quando você não parece estar bem. Aquele que tenta demonstrar todos os sentimentos, implorando para que você fique caso perceba algum. Talvez eu também seja aquele que implore para ter alguma mensagem sua, porque eu não tenho coragem suficiente para mandá-las quando penso na hipótese de você estar ocupado e não gostar, ou pior, estar ocupado com ele.
Acho que você é aquele que está implorando para ir embora.
Acho que eu soube disso de forma lenta e dolorosa. Eu tenho certeza que você quer ir, e mesmo que seja por mais um segundo, gosto de fingir que não.
Acho que isso me matará aos poucos.
Você pode ficar por mais um segundo?
Eu ainda preciso de você.