Mas afinal quem sou eu? Muitos me dizem que mudei, outros que preciso crescer, outros ainda dizem que ainda tenho muito para mudar, várias opiniões que não me dizem nada na realidade. Aprendi a não dar importância ao que os outros dizes, o que importa realmente é aquilo que eu penso, e dou por mim a pensar em que devia ter mudado, onde vêem essa mudança, o que preciso mudar. Chego a entrar em desespero ao ver no que me tornei, mas ainda encontro pessoas que tentam ver para além de mim, para além dos sorrisos, para além destas cicatrizes, que chamam atenção de todos, para além das minhas palavras, para além das minhas atitudes incompreendidas, ainda há gente que me tenta compreender. Pena desistirem antes de descobrirem o que realmente se passa.
Vejo-me ao espelho todos os dias, cada vez com mais ódio, as vezes parece que sou a única pessoa que consegue ver para além do olhar. Costumo olhar nos olhos das pessoas e sinto-me amargurada, sinto pena das outras pessoas, tento ajudar, mas o meu sofrimento é ignorado. O meu sofrimento tornou-se uma sombra implacável sempre a seguir-me, vai comigo para todo o lado, e chega a levar-me a sítios tenebrosos do meu passado, mas dessas vezes torno-me uma personagem terciária, vejo as coisas acontecerem na minha cabeça sem poder fazer nada. Já passei por muito na minha vida, maioria das pessoas nem imagina o peso que me faz levar, tal como se fossem correntes que arrasto o resto da vida. 
Agora tento adaptar-me para que isso nunca mais aconteça. Até agora sem grande concretizações, mas vou continuar a tentar. Porque eu não quero voltar a cair naquele abismo que me puxava para o desespero, para a solidão em que me sentia completamente sozinha, sem ninguém, sem futuro, apenas com o desejo de desaparecer, de morrer. Algumas coisas não podem desaparecer definitivamente, há algumas alturas em que essa vontade ainda permanece em mim, mas a esperança de um dia essa vontade dissipar-se não vai acabar.