eu adoro a ideia de que os violinos não são só um instrumento musical como os outros. eles não emitem apenas um som; eles rangem.
eu estudo música e, consequentemente, tenho que entender bastante de instrumentos. sou apaixonada e dominada por instrumentos de cordas dedilhadas, que inclusive são os meus (violão e guitarra).
entretanto não deixo de me sentir fascinada pela atmosfera erudita e sutilmente melancólica das cordas friccionadas (violino, viola de arco, violoncelo e contrabaixo acústico). esses instrumentos me passam o sentimento de elegância e sentimentalismo puro. entre eles, o violino.
o conceito de que o violino range não parte apenas do som que ele emite, mas sim do que é necessário para praticá-lo. é até um pouco tortuoso, vejam bem: a postura necessária para tocar os violinos, quando exercida durante longos períodos, pode causar danos sérios á coluna e ao pescoço; as pontas dos dedos podem ser machucadas pela espessura das cordas, geralmente de aço ou nylon sintético; a prática do violino exige demasiada precisão pois, diferentemente de instrumentos como guitarra e violão, ele não possui trastes que localizam as casas, você precisa memorizar o posicionamento dos dedos para sair cada nota...
todas estas práticas causam deslizes mentais e pressionam o violinista, e por isso, gosto de dizer que os violinos, ao emitirem aqueles sons agudos e rasgados, estão na verdade rangendo.
