É tão raro encontrar alguém que realmente seja. Alguém que esteja, que pense, que fale, que faça, que revele, que mostre; que queira. Talvez você se deite num dia cheio e pense o quão devastador é a ideia de que eles estão indo embora, talvez não voltem. Ou passem pela calçada rindo, na rua, porque eles podem. Me perdoe pelo pessimismo, eu não defendo meu caráter antissocial, mas vou ficar bem aqui, esquecida. Então não me chamem, não me toquem, não perguntem, não me sintam. Eu sempre estarei bem quando você me perguntar, então simplesmente vá embora, feche a porta, desligue as luzes, diga o quanto me odeia por ter ido embora. Eu vou ficar bem para amanhã poder dizer "estou bem, e você?". Eu vou me apresentar, vou mostrar o quão alegre eu supostamente sou, então você vai gostar, vamos conversar por oito meses, até você ir embora. Você não irá mais precisar de mim, então eu voltarei ao de antes. É uma noite solitária, mas irei me vestir com a minha melhor roupa, passarei rímel e batom vermelho, vou fechar as portas e as janelas, desligar as luzes, fechar os olhos, e tudo isso não terá passado de um devaneio. Malditas crises existenciais.