Um belo dia, acordei e me perguntei o que estava fazendo para ser a Carol que eu sonhava para o amanhã. A resposta veio nítida: escrever! 
Percebi que me encontrava, há um longo tempo, presa entre as ferragens de um grave acidente. As chances de saída eram restritas, restavam-me alguns poucos minutos de sobrevivência e, se eu não lutasse imediatamente, externando o que me apertava, os ferros em meu interior me esmagariam e toda a luta teria sido vã. Súbitos ataques imaterializados.

O diagnóstico final: não sabia sequer o que fazia, pois eu mesma me era uma incógnita; descobrir-me, então, seria passar a vida toda tentando identificar qual a função de cada tralha que formava não só a minha personalidade, mas também minhas confusões mentais e questionamentos existenciais. Dessa forma, as ideias foram clareando. Seria preciso reconhecer o meu passado para me achar, me cuidar, me salvar em meio à bagunça construída por anos de esquecimento pessoal...

O tratamento - para minha surpresa - era algo que eu fazia desde que me conhecia por gente: escrever. No entanto, dessa vez, fora recomendado frequência constante, e assim o fiz. Praticando mais de dez páginas por noite, a cada texto mergulhava um pouco mais nos males e bens que me acometiam. Passei a construir aceitações que me fizeram pertencer ao meu próprio corpo, assim como passava a existir no mundo. Que Carol havia sido eu até agora? Só aquelas palavras do subconsciente, trabalhadas ou não, poderiam me dizer.

Quanto ao objetivo final, no mundo de Apolo já se sabia a importância e o valor de conhecer-te a ti mesmo: poder trilhar um futuro mais sereno, jogando a essência e os aprendizados do autoconhecimento no caldeirão da vida, sem deixar de tomar uma dose do feitiço por dia... Por fim, aqui me encontro, escrevendo para me embebedar de mim.
  • Rio de Janeiro
  • JoinedOctober 24, 2017

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