tem uma pilha de rascunhos sobre a minha mesa
entocados em cada canto da casa
em cada guardanapo de algum restaurante barato
no qual deixei um pouco de mim
(deixei um pouco de você ali também, eu sempre deixo)
as palavras voam de mim também
como aquelas cenas de romance
em que o mocinho se declara aos tropeços sem fazer sentido nenhum
mas nenhuma delas nenhuma saiu da minha boca.
meus rascunhos são tão sagrados quanto banais,
significam tudo e nada ao mesmo tempo
essa sempre foi a graça de escrever sobre v̶o̶c̶ê̶ ̶t̶u̶ ̶n̶ó̶s̶
mim.
é horrível estar na minha cabeça.
é também o único lugar onde quero estar.
só eu entendo minha loucura.
q̶u̶e̶r̶i̶a̶ ̶q̶u̶e̶ ̶v̶o̶c̶ê̶ ̶p̶u̶d̶e̶s̶s̶e̶ ̶e̶n̶t̶e̶n̶d̶e̶r̶ t̶a̶m̶b̶é̶m̶,̶ ̶a̶s̶ ̶v̶e̶z̶e̶s̶.
tem rascunhos pela casa toda
e eu continuo procurando mais papel.
as canetas não tem mais tinta,
o corte no meu dedo marca minha escrita.
quero mais papel pra me deixar.
se eu puder me deixar pra trás, talvez você fique.