Setembro amarelo. Entre, dores.
A cada degrau que chegava minha respiração ficava mais pesada, o caderno escorregando da mão, caindo junto com os lápis e canetas que carregava.
Só de pensar no cansaço me dava vontade de desistir, literalmente, mas a paz que eu sabia que iria sentir gritava mais alto dentro de meu peito acelerado em batidas ritmadas como o samba do meio fio do outro lado da rua.
Apenas mais um, mais um, mais um..
Minha mente repetia isso diversas vezes, mais um degrau, apenas mais um e nunca acabava.
13...14...15...16.
A porta aberta brutalmente do terraço me fez levar um susto que nunca me acostumaria.
- Olá senhor
- Olá querida menina, veio encontrar a paz novamente?
- Impossível de se morrer duas vezes.
O mais velho riu e logo saiu de meu caminho como se não existisse.
A brisa fresca acariciou meu rosto de forma calorosamente fria, intensificando o rubor das minhas bochechas, a tarde que já não se estendia, pelo cansaço estava indo embora, assim como as pessoas de seus trabalhos.
Juntos, aglomerados, distantes e frustrados.
Meus passos agora calmos se aproximaram da beirada do prédio, era libertador a paz que aquilo transmitia, aos poucos como se minha matéria fosse se desfazendo me sentei e um suspiro longo saiu de minha garganta.
O caderno aberto, folhas amassadas e diversos lápis ao meu lado transmitiam minha frustração, realmente não estava para o lápis hoje mas precisava colocar para fora o que sentia.
Parte 2