Harry Styles sempre amou o Natal.
Apesar das ruas cheias e barulhentas, das lojas repletas de pessoas escolhendo presentes e dos turistas parando a todo momento para tirar foto na capital inglesa, o Natal sempre foi o feriado preferido de Harry desde criança.
As luzes coloridas, a neve, o clima carinhoso e amigável no ar, o cheiro de bolos assando a cada esquina, as músicas típicas da época, a gratidão que sentia por ter passado mais um ano bem, saber que estaria reunido com a família... Tudo sobre o final de dezembro encantava Harry. E, claro, havia Louis Tomlinson, seu namorado.
Na véspera de Natal do ano passado, Harry corria contra o tempo para achar presentes para a sua mãe e sua irmã. Ele sabia que ter deixado para fazer as compras de última hora não foi a melhor escolha, mas não conseguiu evitar, seu trabalho como revisor em uma editora o tinha prendido até o final da manhã do dia 24. Sendo assim, o encaracolado passava de vitrine em vitrine pelas ruas do comércio procurando algo que lhe agradasse quando se deparou com o Papai Noel mais triste que já tinha visto.
Harry não estava nem mesmo exagerando. O rapaz fantasiado na frente da loja de departamento balançava um sino e entoava "ho-ho-ho!" como uma forma de chamar a atenção dos consumidores, mas mesmo tentando disfarçar por trás da barba branca falsa e do gorro vermelho, estava óbvio pelos olhos azuis opacos e pela falta de animação que ele só estava ali por necessidade.
Decidido a fazer uma boa ação, Harry atravessou para o outro lado da rua e entrou onde piscava o letreiro de uma doceria; logo foi para o final da fila e esperou pela sua vez. O relógio marcava 17h, então dava tempo de comprar os biscoitos e voltar à procura pelos presentes de Anne e Gemma antes das lojas fecharem às 19h.
"Como uma pessoa que estava vestida da segunda figura mais importante do dia – perdendo apenas para Jesus – estava tão cabisbaixo?" Harry se perguntava. Ele não aceitaria aquilo e faria o que fosse possível para mudar a situação, mesmo que a ação em questão fosse apenas entregar-lhe biscoitos de gengibre, chocolate e baunilha. Quem não fica bem depois de comer biscoitos amanteigados quentinhos?
Quando a atendente despachou seu pedido, Styles pagou, agradeceu e voltou para o mar de pessoas apressadas do lado de fora.
O plano era muito simples: 1. Passaria a faixa de pedestres de volta para a calçada da loja; 2. Desejaria uma boa noite e um Feliz Natal ao rapaz; 3. Entregaria o saco de papel com os biscoitos esperando que aquilo fosse lhe fazer um pouco mais feliz; 4. Seguiria seu caminho à procura dos presentes. Tão fácil, certo?!
Infelizmente – ou felizmente, como descobriria depois de algum tempo –, Harry só conseguiu cumprir a primeira etapa do seu plano. Assim que terminou de andar pela faixa de pedestres, uma criança passou correndo na sua frente, fazendo-o tropeçar na calçada e cair com tudo no chão. Veja bem, quando eu, narradora, digo "tudo", quero realmente enfatizar a palavra. Como se não fosse o suficiente levar o que estava segurando com ele, Harry também levou a pessoa que estava à sua frente (eu preciso dizer quem foi o felizardo?).
O sino fez o maior alarde ao se espatifar nos paralelepípedos e logo depois vieram as reclamações de quem precisava saltar um Papai Noel e um rapaz desastrado para poder caminhar pela rua. Onde foi parar aquele clima carinhoso e amigável?
- Com licença, você está em cima de mim – a voz do Papai Noel soou emburrada de baixo do braço de Harry.
- Oh, meu Deus, me desculpe! – Harry falou afobado e se levantou o mais rápido que conseguiu.
Quando já estava de pé, Harry analisou a situação. Sua roupa não tinha sujado e o saco com os biscoitos em sua mão, por um milagre, se encontrava intacto por fora. Ao olhar para o Papai Noel em sua frente que sacudia seu traje, com pesar Harry percebeu qual foi esse milagre: o "bom velhinho" tinha amortecido toda a sua queda. O gorro jazia no chão fazendo com que o cabelo castanho do rapaz apontasse para todas as direções, a barba branca tinha se rasgado e a almofada que usava na barriga estava metade para fora.

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The Sad Santa {l.s}
RomanceNesse conto de Natal, é narrado o dia em que Harry conheceu o Papai Noel mais triste que já tinha visto e como, um ano depois, eles comemoram a data como um lindo casal.