O meu coração batia desenfreadamente em meu peito, meu corpo parecia pesado e os meus pensamentos pareciam fluir tão rapidamente que eu sequer tinha uma chance de decodificar cada um deles. As palmas das minhas mãos estavam frias, suadas. Eu queria chorar, espernear, porém também sentia um desejo ínfimo de me enrolar em uma posição confortável e alimentar cada um dos meus pensamentos com respostas que nada mudariam os fatos que já haviam acontecido.Mais um ano havia se passado.
E, mais uma vez, eu tinha me perdido.
Eu me permiti mergulhar intensamente nas linhas confundíveis e absurdas dos meus pensamentos frenéticos, abdicando da noção do tempo para simplesmente pensar.
E eu pensei.
Pensei.
Pensei.
E nada fiz.
Na verdade, eu sabia que havia feito muito, muito mesmo. Mas nada bastava, porque as coisas que pareciam importar não tinham sido feitas, eu nem sequer havia tentado fazê-las. E então, o sentimento de impotência me dominava por completo, transbordando em meu peito e corroendo qualquer sentimento positivo que pudesse haver em mim, porque naquele momento nenhum dos meus feitos tinha importância.
Eu me sentia inútil, mas tentava suprimir o sentimento com alguma coisa positiva e esquecia o fato de que as coisas importantes continuavam ali, apenas aguardando uma chance da minha parte para me entregar completamente a cada uma delas. Mas eu não podia. Não me sentia capaz de realizar tantas coisas e, ainda assim, sentir que aquilo era suficiente.
Eu era e sou humana, e, sendo assim, sabia que nada que fizesse seria o suficiente.
Porque nunca é.
Ou talvez os meus pensamentos ainda estejam me sabotando, me fazendo acreditar levianamente que, não importa o que eu faça, eu ainda não serei boa o bastante ou sequer terei feito o bastante.
Eu ainda vou me sentir impotente, frágil e incapaz.
Entretanto, eu prossigo me erguendo a cada dia e tentando de novo, mesmo que às vezes eu só consiga fazer coisas mínimas, coisas que não parecem ser tão importantes e que não acrescentam em nada. Porque são naquelas pequenas coisas que eu me firmo, e quem sabe um dia eu consiga realizar atos grandes que possam preencher cada lacuna em meu peito causado pelo meu excesso de pensamentos.
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fragmentos
Poetry❝meu coração era uma peça fragmentada.❞ todo o conteúdo contido nesse livro é de minha autoria. copyright © por flora 2019, todos os direitos reservados. início: 29.08.2019 fim: 07.09.2021