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NAQUELA NOITE, permaneci com o rosto bonito de Rebecca registrado em meus pensamentos

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NAQUELA NOITE, permaneci com o rosto bonito de Rebecca registrado em meus pensamentos.

Por alguns segundos, peguei-me lembrando-me do sorriso dela, dos olhos misteriosos que me causavam a sutil sensação de ser despida sem ao menos ser tocada...

De alguma forma, algo naquela moça tocou o meu ínfimo da maneira mais improvável, porém gerou incômodo, pois havíamos conversado por tão pouco tempo. Mas foi tempo o suficiente para alavancar sensações avassaladoras.

De repente, me vi querendo saber mais sobre a Rebecca, sua infância, primeiro amor, a primeira decepção amorosa, os amigos, os hobbys, alegrias, tristezas e os sonhos...

Eu, Maristela, tão habituada a ter toda a atenção massageando o meu ego, me vi entrando em uma devoção com a nova vizinha ao lado.

Suspirei. Suspirei várias vezes ao longo daquela noite. Sentia um calorzinho discreto na altura do peito.

Queria ver outra vez aquela menina. Ver aquele sorriso delicado, acolhedor e... Sexy. Desejava me conectar aqueles olhos tão sedutores, mergulhar naquela imensidão, desvendar os segredos escondidos nas profundezas das suas entrelinhas.

A minha ânsia em ver Rebecca era tão intensa, que parecia que me rasgaria ao meio. E aquelas sensações estúpidas, apenas o pai do Fernando foi capaz de me despertar.

*.*.*

Na noite seguinte, antes de o meu filho ir para a academia, pedi a ele que deixasse a porta aberta com a desculpa de que estava muito calor e, obviamente, o lembrei de manter as muletas por perto.

Minha atenção se dividia entre a programação da TV, o relógio do celular e ao corredor. Ansiava por ver o sensor de movimento fazer a lâmpada se acender.

Meu coração batia descompassado e a cada segundo um friozinho gostoso me envolvia, na altura do estômago e se dissipava por todo o corpo. Aquela maldita ansiedade era como uma droga, a mais intensa e deliciosa droga, a ânsia de encontrar Rebecca.

E beiravam sete horas da noite quando ela surgiu no início do corredor.

Mostrava um perfil sério. Em uma das mãos, segurava o celular próximo ao ouvido, escutando uma mensagem de áudio.

Diferente do dia anterior, ela não usava a jaqueta. Estava com uma regata e um jeans branco. Os cabelos soltos e os lábios coloridos com o inestimável batom vermelho.

Quando ela se aproximou com passos sorrateiros, nossos olhares se encontraram, um sorriso incrível desenhou no rosto dela. Um semelhante teria se apresentado no meu também, mas por algum motivo, vergonha ou vaidade, contive o largo sorriso com o canto dos lábios sentindo as bochechas queimarem.

Ela guardou o celular no bolso traseiro da calça e aproximou -se, escorando-se no batente.

Por entre meus lábios, permiti que um suspiro discreto se esvaísse. Aquela garota atrapalhava meu raciocínio.

— Boa noite, Maristela! Você está bem? – Notei que os olhos dela passearam pelo apartamento, talvez, procurando pela presença de Fernando.

Ajeitei-me no sofá e passei as mãos pelos meus cabelos rapidamente. Foi mais um gesto de aflição do que sedução e percebi que ela me analisava, fazendo me sentir como uma adolescente. Maldita Rebecca.

— Oi, estou bem... ­— forcei um sorriso, apesar das bochechas estarem rubras. Ela tinha um olhar atento. — É que... Estive pensando... — Becca arqueou uma das sobrancelhas, aguardando continuidade a minha fala. — O Fernando viaja amanhã a trabalho e...

— E você vai ficar sozinha? – me interrompeu parecendo surpresa.

— Sim, sempre fico — falei com naturalidade. — Quando voltei do hospital e precisava de cuidados mais intensos, ficava com uma enfermeira. Mas já sei me virar – dei uma piscadela e ela sorriu, achando graça.

— Ah, uai... Se quiser ‐ Rebecca falou deixando-me surpresa. —, posso vir pra cá e sei lá... A gente assiste um filme, joga conversa fora.

A olhei com seriedade e em seguida, franzi as sobrancelhas. Mantínhamos uma troca intensa de olhares.

— Mas amanhã é sexta...

— E daí?! - rebateu dando de ombros e elevando as sobrancelhas.

— Bom... - remexi-me no sofá e um sorriso maldoso surgiu em meu rosto. Voltei os olhos para a programação da TV. — Quando eu namorava, as noites de sexta eram sagradas...

De soslaio, percebi quando um suspiro se esvaiu por entre os lábios delicados dela, porém não esboçou emoção.

— Ah, verei o Bruno no sábado.

— Então... — voltei a encará-la. — Isso significa que você vai desperdiçar o seu tempo com uma velha como eu?

Rebecca deu uma gargalhada gostosa. Admirei o modo como os olhos dela se estreitaram.

— Aí, quanta frescura, Maristela! — bateu a mão espalmada sobre a coxa. — Mal lhe pergunte, qual é a sua idade?

Hesitei. Automaticamente, quis sorrir, mas contive. Desviei, mais uma vez, o olhar para a TV.

Por algum motivo, temi em contar minha idade para Rebecca. Tive receio de que ela se afastasse ou me achasse velha demais.

O mais estranho é que nunca me importei em dizer a minha idade, pois sempre fui muito segura sobre isso. Mas com a Rebecca, não. Ela tinha o poder de alavancar uma tempestade caótica dentro de mim com medos, receios e tabus...

— Idade o suficiente para ser sua mãe... - comentei evitando olhá-la.

Ela riu outra vez.

— Bem... Minha mãe tem mais se sessenta anos. Se você tiver mais que isso, me passa a receita do formol, pois te daria, estourando, uns 50 anos.

Senti minhas bochechas corarem e pressionei os lábios contendo um risinho que escapou pelo nariz.

— Cinquenta e seis, Rebecca.

— Aí, aí... - Becca suspirou em meio a um sorriso atraente. — Então, quer dizer que você é a famosa "coroa vira quarteirão"?

— O-o quê?! - murmurei com as bochechas formigando.

Nós demos um risinho descontraído. A moça deslizou a mão por entre os cabelos e sorriu, mantendo a nossa conexão visual.

— Quis dizer que você é linda, Maristela ‐ notei que um suspiro discreto escapou dela. — Então, fica assim... Temos um encontro marcado para sexta à noite... - deu uma piscadela.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Rebecca apenas riu e abriu a porta ao lado, entrando em casa.

Balancei a cabeça em negação e tive uma crise de riso, sentindo uma dose de euforia me preencher.

Minhas bochechas formigavam e cada vez que eu fechava os olhos, me perdia nas lembranças de segundos atrás. Aqueles cabelos, olhos, o sorriso... Aquela boca que parecia tão gostosa de beijar! Mais uma vez, a doce Rebecca me fez sentir como uma adolescente.

Embora olhasse para a TV, me via perdida em meus devaneios. Comecei a pensar em como agir no dia seguinte, na presença dela. Em qual roupa usaria, como me portar, o que preparar para comermos...

*.*.*

REBECCA (EDITORA PEL) (AMAZON) (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora