.05.

1.2K 160 172
                                    

SOB O SILÊNCIO, formou-se uma conexão visual entre nós

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

SOB O SILÊNCIO, formou-se uma conexão visual entre nós. Faíscas de tensão ardiam em nossos olhares, condenando, mesmo que de modo inconsciente, a atração mútua que sentíamos.

Percebi que um leve rubor assumiu o rosto de Rebecca, tornando-a ainda mais graciosa, em meio ao sorriso tímido que assumia sua boca e correspondi, exibindo um sorriso também.

Cessando aquela troca de olhares, a moça suspirou e em silêncio, recolheu a tigela onde havíamos colocado as batatas fritas, os copos, levando-os até a cozinha.

Após um profundo suspiro, meneei a cabeça como se tentasse espantar aquela tensão e com dificuldade, me coloquei de pé, com o auxílio das muletas, me deslocando até o banheiro.

Enquanto escovava meus dentes, ouvia a moça lavando as vasilhas enquanto cantarolava algo.

Encarei meu reflexo junto ao espelho do lavabo e fechei os olhos com força, sentindo um resquício de culpa me invadir.

Além de Rebecca ter idade para ser minha filha, a garota havia acabado de terminar um namoro e não vi quaisquer indícios de que ela estava aberta a experiência com mulheres. Na verdade, nem eu nunca tinha me visto interessada em outra mulher, até Becca aparecer.

*.*.*

Já no quarto, enquanto abria o guarda-roupas para escolher uma camisola, acabei perdendo o equilíbrio e cai sentada sobre o colchão. Ainda era difícil lidar com as muletas. Libertei um suspiro cansado e ignorei tal fato, tendo o cuidado de escolher minha vestimenta da noite.

Por ter dependido de cuidados de terceiros nos últimos meses, já não me sentia acanhada em trocar de roupa, portanto, enquanto tirava minha blusa, deixei a porta aberta.

Enquanto ajeitava meu sutiã, já que desde a adolescência havia tomado o hábito de dormir usando-os, ouvi a moça aproximando-se.

A princípio, se a situação acontecesse antes do acidente, meu reflexo seria fechar a porta, mas fiz questão de permanecer ajustando o sutiã.

Quando Becca parou no batente da porta, ergui o olhar, encontrando o dela e permanecemos naquele contato por alguns segundos.

Vislumbrei ligeiramente um brilho de admiração na garota e logo seu perfil assumiu uma feição desconcertante. As bochechas tornaram-se rosadas, desviou o olhar para o chão e forçou um sorrisinho besta, daqueles que qualquer pessoa mostra quando se sente encabulado.

— Oh! Hm... — ela gaguejou. Ainda se mantinha cabisbaixa. — Desculpe! Mil desculpas, Maristela! Não sabia que você estava se trocando...

Tirei o short que usava, encarando-a, mas ela se negava a erguer o olhar e estava me divertindo com a cena. Por fim, vesti a camisola e respondi:

— Se alguém tem que ter vergonha aqui, sou eu, Rebecca. Não precisa se sentir assim. Já estou acostumada. Foi tanto tempo no hospital, com tanta gente me vendo nua, que eu nem ligo mais...

REBECCA (EDITORA PEL) (AMAZON) (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora