Snowland estava a todo vapor. Na praça, os voluntários andavam de um lado para o outro enquanto montavam o palanque onde aconteceriam as apresentações da véspera de Natal. As crianças que já haviam escrito suas cartas ao Papai Noel, estavam na rua fazendo bonecos e brincando de guerra de bolas de neve. E a prefeitura estava um caos, o que não era atípico, considerando o fato de que a data comemorativa mais legal do ano se aproximava.
O som do salto alto das botas de Cassie ecoava pelos corredores da prefeitura.
—Jane, as roupas que as crianças do coral vão usar na apresentação já foram entregues? —Perguntou à voluntária, recebendo um sim como resposta. —Ótimo. —Riscou mais um item em sua prancheta.
E foi nesse exato momento que viu ao longe o rapaz de andar arrastado e jeito marrento cruzar um dos corredores. Apressou o passo na tentativa de alcançá-lo, fazendo com que as botas se tornassem mais barulhentas ainda.
—Oi, Chris! —Acenou freneticamente.
—É Christopher.
—Então, Christopher, será que você poderia me levar até a praça para eu conferir se as luzes já foram colocadas na grande árvore de Natal? —Começou a enrolar uma das mechas do cabelo enquanto falava.
—Nem vem.
—Poxa, Christopher. Você não se compadece de uma garotinha indefesa que terá que andar três quilômetros com essas botas desconfortáveis afundando na neve?
—Não.
—Se me levar estará contribuindo para que dê tudo certo nas festividades do Natal.
—Eu não me voluntariei.
—Não seja por isso! —Tirou um crachá da mochila e escreveu nele o nome do dito cujo com uma caneta permanente. —Aqui está! —Pendurou o objeto no pescoço do rapaz, contra a vontade dele.
—Ei! Eu não vou te levar lá.
—Um voluntário das festividades do Natal deve sempre ajudar seus companheiros de voluntariado.
Christopher revirou os olhos e respirou fundo.
—Se essas suas botas bregas sujarem meu carro, você vai ter que limpar. —Saiu andando na frente.
—Ah, Chris, eu sabia que você ia me ajudar!
—É Christopher!
Os dois entraram no automóvel de cor preta do rapaz e partiram rumo à praça.
Durante os três quilômetros a menina não parou de falar sobre os preparativos das festividades do Natal e todo o trabalho que aquilo demandava. E é claro que Ross não prestou atenção em nenhuma palavra sequer.
Pararam em frente à praça e, para a felicidade de Cassie, as luzes já estavam em seu devido lugar.
—Oi filhota. —O pai, que estava ajudando a montar o palanque, abraçou-a. —Senhor Ross? Que honra tê-lo aqui. —Cumprimentou a presença ilustre com um aperto de mão.
—Boa tarde. —Respondeu o garoto, sem muita empolgação, logo sendo rodeado por três meninas que pareciam ter brotado do chão. Elas começaram a o bajular, elogiando desde as características notórias como o brilho do seu cabelo, até as aleatórias como o cadarço do sapato que usava.
—Cassie, você perturbou o filho do prefeito para te trazer aqui? —O senhor Brown indagou à filha.
—Ah, não perturbei, eu pedi com jeitinho. —A garota deu de ombros. —E é claro que ele aceitou porque somos colegas de classe e ótimos amigos.
—Ótimos amigos? Ele soltou um pinsher em você quando a senhorita foi na casa dele pedir voto para ser presidente da classe há alguns anos. —O pai desacreditava da proximidade dos dois.
Antes que a filha pudesse responder, um dos voluntários apareceu nervoso e disse:
—Justine Mills sumiu!
—O quê? —Cassie gritou espantada. —Não, não é possível. Ela me disse que estava super animada para as festividades.
—Sim, mas ela aparentemente não está em lugar nenhum! —Insistiu. —Ninguém a vê desde o fim da tarde de ontem.
—E o que a polícia disse sobre isso? —Sr. Brown indagou.
—Os policiais daqui só estão preocupados com a final do campeonato de Baseball que vai passar na televisão amanhã. O senhor bem sabe como eles são.
—Mais inúteis que um fósforo à prova de fogo. —Christopher opinou à respeito dos policiais de Snowland.
—Talvez o segurança dela saiba seu paradeiro. —Uma das admiradoras de Christopher se manifestou.
—Ele também não sabe onde Justine se encontra e está muito preocupado. Disse que já ligou várias vezes para ela, mas sempre cai na caixa postal.
—Então eu terei que resolver isso. —Cassie pegou a todos de surpresa com a seriedade na voz e no semblante.
—Filha, pode ser perigoso.
—Eu sou a líder dos voluntários das festividades de Natal de Snowland, e nada de ruim pode acontecer durante a minha gestão. Preciso entregar um ótimo Natal aos cidadãos e não vou falhar na minha missão. —Levantou o queixo em determinação.
Todos ali, inclusive Christopher, sentiram a seriedade nas palavras da jovem e compreenderam a importância que aquilo tinha para ela.
—Onde ela foi vista pela última vez, Simon? —Perguntou ao voluntário que trouxera a notícia do sumiço.
—Na cafeteria.
Será onde Justine Mills foi parar? Isso só saberemos no próximo capítulo.
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Sumiço Natalino
Mystery / ThrillerOs habitantes da pequena Snowland sempre levaram muito a sério as festividades do Natal, preparando tudo com empenho, a fim de que essa data tão especial fosse comemorada da melhor maneira. Contudo, quando a celebridade convidada para prestigiar as...