único

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"Eu não sei quando isso começou. Sério, eu não tenho ideia, tudo o que eu sei é que de repente toda vez que eu olhava nos olhos dela eu me perdia neles, toda vez que nós nos tocávamos, mesmo que sem querer, eu sentia um choque percorrer todo o meu corpo. Quando eu percebi, eu já estava perdida na voz dela, contando coisas bobas sobre o dia, e em todas as pequenas manias dela. Eu simplesmente me apaixonei de forma natural pela personalidade dela e todos os seus pequenos, mas importantes, detalhes.
Um dia, nós estavamos conversando sobre sentimentos, e eu acho que se eu já não estivesse apaixonada por ela, eu teria ficado bem ali naquele momento. A forma cuidadosa como ela falava sobre se importar com um possível alguém e sobre como ela amaria esse alguém de uma forma intensa..... Parecia até que ela tinha alguém em mente quando falava, e bom, ela tinha mesmo.

Eu nunca tive certeza sobre o que eu sentia pelas outras pessoas até ela sabe? Eu não tinha ideia desse sentimento que tá' aqui o tempo todo comigo, eu sequer sabia sobre minha sexualidade. E foi quando eu comecei a pensar sobre isso que eu resolvi começar a frequentar as famosas embreagadas e chapadas festas de adolescentes que não querem nada da vida a não ser curtir de prazeres passageiros, tudo isso em busca de me descobrir.
Toda semana eu estava lá, com um copo de plástico na mão me entregando as batidas eletrônicas energéticas contemporâneas, beijando alguns, só flertando com outros. E isso continuou mesmo depois que eu percebi que gostava dela, de início era uma forma de tentar amenizar o medo que eu tinha/tenho do mundo, gostar de uma garota não é algo tão bem visto por aqui sabe, mas continuando. Eu tentava amenizar os pensamentos da minha cabeça com pessoas e bebida, uma vez ou outra um baseado, nessas festas, mas não adiantava de nada, até por quê ela sempre estava por alí.
Numa dessas festas, ela me chamou, nós fomos pra longe do lugar em um parque, e ela me beijou a luz da Lua.

Aaaah, aquele beijo.
Foi um alívio tão grande finalmente tê-la só pra mim naquele momento que eu me permiti esquecer de tudo o que me atormentava sobre esse assunto, e corresponder todo o sentimento que aquele beijo transmitiu.

Agora já faz quase um ano.

Nós continuamos a ficar, na encolha claro, porque temos noção do que tudo isso pode impactar na nossa vida se acabarem descobrindo. Seria tudo lindo se fosse só isso, continuar me encontrando com ela pelos intervalos das aulas, sumir com ela das festas heterotop, mas infelizmente isso é impossível.

O ano acabou, a escola acabou, e a nossa ultima festa é o baile de formatura.

Sinceramente, eu tenho sorrido como se fosse um dos jovens comuns que ficam felizes quando o ensino médio acaba, como se estivesse animada pra vida adulta. Mas eu não tô' bem, eu não tô' nada bem.

Primeiro que eu to sentindo uma pressão da porra nas minhas costas porque finalmente eu vou virar adulta. Segundo que eu provavelmente nunca mais vou ver ela, e eu nunca na minha vida toda achei que dependeria tanto de alguém pra sorrir em meio ao caos que minha família é.

Enfim.

Acho que é isso, essa é a ultima página desse livretinho que eu venho chamado de diário então eu queria deixar um pequeno resumo de tudo isso aqui. Se você achou isso, independente de quando você achar isso, eu não sei como eu vou estar, mas eu vou te falar algo, por favor lute com todas as suas forças pela pessoa que você ama. Assim como eu pretendo lutar pela minha."

Mina releu uma ultima vez tudo o que ela havia escrito no seu pequeno livretinho preto e o colocou de forma estratégica dentro do tronco de uma arvore. Não esperava que alguém um dia fosse encontrar aquilo mas era algo que ela teve vontade de fazer.
Depois de guardar o livro ela saiu do canto mais reservado do parque e seguiu seu caminho de vestido elegante e saltos altos em direção ao baile de formatura, onde talvez pela uma vez ela fingiria ser quem não é.

Mais tarde.

— pssst, ei mina — Uma voz conhecida a chamou quando todo mundo estava distraído dançando na pista, que fora montada no ginásio da escola.
Quando se virou, viu Jeongyeon a chamando com a mão enquanto tinha em mãos o sobretudo da japonesa, enquanto já vestia o seu próprio.
Com um pequeno sorriso a Myoui despistou as amigas, já bêbadas pelo ponche batizado, e foi atrás da outra.

— Não acredito que finalmente terminamos o ensino médio — A Yoo comentou ajudando Mina a vestir o sobretudo e a abraçando logo em seguida.

— É, nem eu — a outra garota respondeu em meio a um suspiro enquanto retribuiu o abraço com força

Elas começaram a andar em direção a casa da coreana, o clima estava um tanto frio, as ruas e construções cobertas de neve, que ainda caía do céu de forma serena.

— Vou sentir falta disso — Mina quebrou o silêncio enquanto prestava atenção na neve caindo a sua volta — De você me levando em casa, fazendo palhaçadas, me irritando. Das vezes que você dormia lá em casa e nós dançávamos que nem idiotas numa pista de dança imaginária, e no final nos beijávamos em meio a risadas e suor grudento — ela fez uma pequena careta e soltou um riso

— Eu também vou sentir falta — A yoo disse meio nostálgica lembrando dos momentos das duas — Principalmente de você.... — Ela prestava atenção na neve branca pelo chão do caminho, se recusava a olhar a outra, tinha medo de chorar.

— Jeong, e se...  Se tiver uma chance de continuarmos juntas...

Quando escutou a outra, Jeongyeon parou, olhando pra trás percebendo que ela havia parado alguns passos atrás de si.

— Eu tenho pensado nisso a alguns dias, semanas pra ser sincera. Eu pensei num plano Jeong, nós não precisamos fingir que nunca aconteceu nada! — Disse Mina enquanto se aproximava da outra em meio aquela rua deserta — Jeong por favor, foge comigo. — Ela pediu com os olhos começando a se encher e segurou os ombros da outra — Por favor.

— Mina eu- Eu não sei o que te dizer... — Jeongyeon passou as mãos pela cintura da outra — Você sabe que minha familia é complicada, a sua também é, mas são familia. Vale a pena abandonar tudo isso por nós...? — Falou incerta

— Jeongyeon, a única coisa que eu sei é que eu não quero ser a bonequinha deles. Eu não quero viver uma vida sem ser eu mesma, e nos ultimos dias os únicos momentos em que eu me sinto verdadeiramente eu é com você..... Eu achei que você entenderia isso, mas se não quer tudo bem. — Ela fez menção de se afastar e a coreana a puxou mais para perto.

— Eu vou.

Mina abriu um sorriso enorme e foi com a garota até a casa dela, ajuda-la a arrumar tudo o que precisava.

Já em sua própria casa, a japonesa pegou uma mala grande e uma mochila que já estavam prontas dês de cedo, e deixou uma carta em cima da mesa, saindo de lá em seguida e encontrando com a Yoo do lado de fora.

— Você arrumou as coisas rápido — Jeongyeon disse vendo Mina entrar no carro. Ela viu a garota se aproximar com um sorriso e deixar um beijo longo em sua bochecha — Já tava arrumado na verdade.

Um silêncio se instalou brevemente dentro do carro, onde só era possível escutar o rádio baixinho, enquanto Mina fazia carinho na bochecha da Yoo e observava o seu rosto. Arrumou o óculos no nariz da outra e deixou um leve selar em seus lábios.

— Espero que você não tenha bebido aquele ponche, vi o Yuta jogando uma garrafa e meia de vodka lá dentro, dava pra sentir o cheiro de álcool de longe — Ela se afastou e tirou duas latinhas de energético da bolsa térmica — E eu trouxe nosso energético favorito.

Jeongyeon riu negando com a cabeça — Eu acho que todo mundo viu o Yuta, até os professores, mas fica tranquila gatinha que eu só bebi refrigerante. — Ela disse antes de arrancar com o carro em direção a capital da Coréia do Sul, onde agora uma nova história ia começar. Um lugar onde elas teriam o poder de escolher seus próprios caminhos, e mais ainda, um lugar onde poderia amar Mina sem as ameaças de suas famílias nas costas.

Fim?






































Oi gays

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⏰ Última atualização: Dec 26, 2020 ⏰

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