como é ser gênero fluido

obrigado.

olá a todes.

hoje o formato desse capítulo será bastante diferente do que estão acostumades: sem gifs, sem piadas, sem conselhos ou qualquer pedaço de "manual". mas não fiquem tristes, porque esse também não é o objetivo.

quero apenas me despedir desse ano que, apesar de horroroso, me trouxe vocês. 

iniciei esse livro em dezembro de 2017 porque estava sozinho; não conhecia ninguém mais íntimo nem um pouco parecido comigo, nem trans binário ou não binário, pra poder compartilhar um pouquinho do que é não corresponder ao gênero de nascimento. procurava na internet, até tinha um canal de um fluído, mas a maioria não era do Brasil e poucas informações existiam - vocês já conhecem essa história. iniciei esse projeto para que outras pessoas como eu não se sentissem como eu me sentia.

tudo mudou quando em agosto atingimos mil leituras e desde então o livro tem crescido muito e hoje totalizamos 3.6k, em apenas quatro meses depois. e vocês tem sido absolutamente incríveis, mesmo nos meus sonhos como escritor, eu nunca pensei que isso seria tão grande como tá sendo, nem que, mesmo pedindo a confiança de vocês para que se sentissem livres e segures aqui, vocês ficariam tão a vontade fazendo perguntas e desabafando sobre pontos muito pessoais. nem sei como agradecê-los por estarem aqui comigo, por fazerem meus dias mais alegres e, mesmo que inconscientemente, não me deixando desistir de escrever. 

não sei se eu significo algo na medida que vocês significam para mim... só tenho a dizer: muito obrigado.

desejo um felizíssimo natal e um ano novo cheio de luz, que vocês se aceitem como são e sejam felizes por isso. sejam gênero fluídos que brilhem. espero que 2021 seja um tanto melhor melhor para todes nós. que venha a vacina!

antes de finalizar, gostaria de compartilhar um pequeno poema que escrevi no meu caderno pessoal (sou escritor mesmo, pra quem não sabe. inclusive convido a todes lerem minhas obras). tudo isso porque raspei a cabeça, mas esperam que entendam que não é só por isso.

"Na minha inconsciência
sempre houve um pedaço
que sempre soube
Sempre soube que era disruptivo

Quase nunca marquei um check
na lista alheia
cheia de expectativas
Não por rebeldia
talvez sim
mas porque precisava

Acho que sempre foi assim
desde sempre
E sempre soube, de alguma forma
soube
a fluidez não é só de gênero
é de alma

Sempre mudando
o tempo todo
Renascendo
Se esbarrando para se encontrar

Não é falta de personalidade
não se engane
sei bem o que procuro
Não me impressiono fácil

Não sou moldável, não
Estou boiando no rio das almas
e ele me leva 
conforme a fluidez."