N.A: Olá, você.
Faz um tempo que venho aqui para postar algo, mas noto cada um de vocês. Taí outra TodoDeku, espero que gostem. (Boa sorte no domingo de ENEM, a quem vai fazer ENEM).
[DEAR YOU]
Era um segredo não muito bem guardado que na segunda casa daquela rua, mais precisamente na caixa de correio, havia uma carta que nunca foi aberta. Não havia sido entregue errado, não era essa a questão. Aquela carta estava ali porque o destinatário nunca quis abri-la ou ao menos tocá-la. Há dois anos, uma garotinha de cabelos esvoaçantes ousou pegar aquela carta de seu recinto particular, mas ela foi receptada antes que pudesse abrir.
O envelope pardo era destinado a Izuku Midoriya. Um jovem contador que viveu naquela região por toda a sua vida, até mesmo depois que sua mãe morreu e seu pai foi embora, sem condições de aguentar todo aquele luto. Ele havia deixado seu filho sozinho para viver todas as provações que a vida tinha. E foi daquela maneira que o rapaz finalmente virou adulto.
Engoliu todo o sofrimento, alistou-se no exército pelo tempo obrigatório de dois anos. Fez até que alguns amigos naquela época. Mas não foram laços tão profundos que eram impossíveis de cortar como os que tinha com Ochako, ou Iida, ou Shouto... Este último, de certa forma, era o mais difícil. Quando Izuku perdeu seus pais — por causas diferentes, mas ainda eram perdas —, Shouto Todoroki foi a pessoa que mais olhou por si. Não apenas o ajudou, como se alistou no exército na mesma época. Por sorte, eles caíram no mesmo batalhão, mas não dividiram o mesmo quarto. Foi uma época primorosa até o seu fim.
Só que, diferente de Midoriya, Todoroki havia se apaixonado pelo exército. Aquele exercício que faria de sua vida algo real além da monótona empresa de turismo que sua mãe comandava. Shouto sorria com os olhos quando falava sobre o que fazia. E Izuku se apaixonou por aquele tom. Se apaixonou pela pele macia, pelos cabelos ruivos, pelos olhos heterocromáticos... Ele havia se apaixonado por tudo o que Shouto Todoroki era e sempre seria.
E em uma daquelas noites confusas que ninguém lembra ao certo o que acontece, com vinho e jazz tocando ao fundo, os dois estavam sentados sobre o tapete vermelho da sala de estar, rindo e conversando. Até que o rapaz ruivo levantou e lhe estendeu a mão. E Izuku aceitou a oferta. Os corpos próximos, balançando vagarosamente ao som ímpar da voz de Ella Fitzgerald cantando Cry Me A River. Deku diria que o clima era estranho demais para aquela cena, a letra não era bonita e amorosa, mas sim triste e pesada. Porém nada naquele dia fazia sentido, e no momento em que a voz feminina atingiu o tom mais alto, Shouto o beijou. Primeiro com um leve tocar dos lábios secos, depois um pouco mais furtivo, tocando uma de suas bochechas e apertando o toque em sua cintura. O mundo girava mais rápido para Izuku, e ele se sentia como se o Sol tivesse começado a orbitar a Terra naquele momento.
Eles não se soltaram pelo resto da noite. Porque aquela era a sua noite. Dos dois, juntos, colados, grudados, tudo o que se podia imaginar. Com risos doces e abraços gostosos. Izuku não percebeu que sempre quis aquilo até aquele momento. Ele o queria, e queria, e queria. E sempre quereria. Sempre quereria o toque em suas bochechas. O corpo cálido do outro rapaz junto ao seu. O mundo era deles agora. O mundo tinha sido feito para acomodar os dois.
Mas então veio a guerra. Todos os homens de 18 a 40 anos foram chamados, mas Izuku havia quebrado a perna naquele verão, ainda usava um gesso, então foi dispensado. Mas Shouto não. E ele foi, sem olhar para trás, sem se despedir. Uma semana depois, uma carta chegou em sua casa do remetente Shouto Todoroki. Isso fazia dois anos e meio. A guerra já havia acabado há cerca de um ano, mas Midoriya ainda estava ali, vivo.
Agora, Izuku estava sentado em sua poltrona, como em todas as noites, olhando para a TV enquanto tomava uma xícara de café. O dia havia sido longo. Ele havia mexido em alguns papeis do escritório e acabou levando a tarde inteira naquele ofício. Agora só estava cansado demais. Tentando não cair sobre os próprios joelhos antes de tomar banho. Era só mais um tempinho até que pudesse finalmente entrar embaixo dos lençóis. Mas assim que se levantou para ir até o banheiro, alguém bateu na porta. Isso lá é hora, meu deus?
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Dear You
Fanfiction"Caro você, que não sai da minha cabeça nem em sonhos tenebrosos e aleatórios." A vida tirou tudo de Izuku, mas Shouto não o deixaria escapar entre seus dedos.