A pior parte da festa é recepcionar os convidados, para alguém como eu, ficar parada dizendo "Olá, sejam bem vindos", não é sinônimo de diversão ainda mais com esses sapatos desconfortáveis e esse enorme vestido.
A melhor coisa, eu nem preciso dizer que é a mesa de comida, que estava repleta de comidas italianas e muitas comidas brasileiras também.
Antes que eu pudesse me dirigir a mesa para comer, Adam me segura pelo braço me impedindo, eu olho para a entrada e vejo seus pais. Reviro os olhos.
— Beatrice, foi uma linda cerimônia — A mãe de Adam me abraça — Bem vinda a família e peço perdão pelo episódio no dia em que nos conhecemos.
— Não se preocupe, foi um prazer conhecê-la, de qualquer forma — Sorri — Obrigada pela presença — Conclui.
— Espero que as coisas melhorem de agora em diante — Fernando diz e eu respiro fundo.
— Se queria minha ajuda, era só pedir — Sorri fazendo ambos os homens me olharem com as sobrancelhas arqueadas — Já pudemos ver o resultado do meu trabalho — Digo orgulhosa — Onde está o de vocês? — Desvio o meu olhar de Adam, que tem o maxilar travado, para o pai que fecha as mãos com raiva. — Se me dão licença, eu estou com fome.
Eu os deixei na entrada e fui em direção a mesa para montar um prato, me sentei junto a minha mãe e meu padrinho.
— Está tudo bem filha? — Eu assenti — Você só come desse jeito quando está irritada, o que te aborrece?
— O pai do meu marido é um idiota, o meu marido é um idiota e brincar de família feliz me faz sentir uma idiota! — Exclamo e ouço um pigarro. Droga.
Quando olho para trás encontro Perigo com um rosto neutro, ele me estende a mão e uma música lenta começa a tocar. Ótimo!
Eu sou péssima dançando música lenta, mas faço um esforço porque isso significa que a festa está acabando, para nós.
— Conversamos em casa — Ele sussura em meu ouvido me fazendo arrepiar.
Após a dança nós nos despedimos de alguns convidados importantes e de nossas famílias. O mesmo carro que nos deixou na festa nos leva para nossa casa, que está linda, por sinal.
Para uma casa na favela, ela é bem luxuosa e gigantesca, sinto que poderia me perder nela com facilidade.
Não sei porque Perigo optou por ficarmos no mesmo quarto, nao tenho problema com isso, desde que ele mantenha suas mãos bem longe de mim.
A primeira coisa que faço é retirar aquele vestido e os saltos, sem me importar se Adam está no quarto ou não.
— Grazie, Dio! — Exclamo me sentindo mais leve. — Nunca mais eu visto essa coisa — Digo jogando no canto do quarto.
Mas só agora me lembro de que não há nenhuma roupa minha nesta casa, o closet é enorme, tem espaço para os dois, eu pego uma das blusas de Adam e visto, só por uma noite serve.
— O que esta fazendo com a minha camisa? — Ele pergunta tentando tirar sua gravata. Eu me aproximei dele e o ajudo com ela.
— Minhas roupas não estão aqui mas amanhã peço que alguém as traga para mim, por hoje eu vou usar sua camisa — Afirmo. Ela segura minha cintura me apertando forte.
— Pode dormir sem roupa — Sussura e morde o nódulo da minha orelha.
— Estou bem assim, obrigada — Digo me livrando de seus apertos.
— Você é minha mulher — Ele diz.
— E você o meu marido — Sorri — O que tem? — Me aproximo dele devagar, quando nossos lábios estão quase se encostando digo:
— Você só toca em mim quando eu deixar — Provoco.
Ele morde o lábio e fechas as mãos. Eu sorri vitoriosa.
— Só quando você pedir — Ele morde meu pescoço e eu me arrepio.
Os morros estão em paz mas acaba de começar um guerra dentro dessa casa, e eu odeio jogar pra perder.
Nós dormimos na mesma cama, cada um na sua e na minha seguinte o sol entra pelas janelas incomodando meus olhos.
— Já está de pé? — Pergunto — Que horas são?
— Quinze para sete, pode voltar a dormir, tira o dia de folga, deixa que eu cuido dos morros — Eu ri.
— Eu posso até tirar mas você também não vai trabalhar — Afirmo e ele não me dá atenção — Ou você prefere sentar e ouvir algumas das mudanças que eu quero fazer na Rocinha? — Ele me encara com o semblante frio.
— Você não vai mudar nada no meu Morro.
— E você não vai assumir o comando do meu, se é o que pensa — Eu sorri docimente — Mas mesmo assim acho melhor que ambos trabalhemos de casa hoje, todos sabem que não podemos viajar para ter uma lua de mel mas precisamos fingir que nos demos pelo menos um dia para curtir um ao outro.
Ele parece pensar e no fim aceita que tenho razão.
— Ótimo então se você me dá licença vou tomar um banho e ligar para minha mãe, preciso das minhas roupas.
— Caus — Escuto a voz de Larissa no rádio.
— Na escuta — Respondo.
— Vai vir para a boca hoje?
— Só na parte da noite, vou resolver as coisas daqui de casa, se precisa de mim, pode colar depois do café.
— Suave. Fé.
— Fé, Larissa.
Vida de Dona de Morro não é fácil, não posso me dar um dia de férias, não de verdade.
— O HL, vai colar aqui para um reunião e depois temos que falar sobre ontem — Ele disse sério, me sentia como uma criança de cinco anos de idade que tinha aprontado.
— Assim que eu acabar com a Larissa, falamos sobre o que você quiser — Digo desinteressada.
Capítulo novo check!!
A vida de Dona de Morro nunca para 🥱
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A dona do Morro
Ficção AdolescenteBeatrice Giorno Costa é a filha única de linda mulher italiana com o Dono do Morro da Maré. Após a morte do marido, Bianca, mãe de Beatrice, foi quem assumiu a liderança do Morro. Vendo que a mãe não lidava bem com as tarefas do cargo e que eles...