Capitulo 45

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O vento que percorria a rua em que eu caminhava, assim como o meu corpo, provocava-me arrepios devido à pouca roupa que eu decidira usar hoje de manhã.

Os movimentos frenéticos que as minhas mãos faziam nos braços para que estes aquecessem eram dispensáveis, já que não valiam de nada. Mas, pelo menos, não vou ter de suportar este frio durante muito mais tempo pois a minha casa encontra-se a poucos metros de mim.

Era sexta-feira, e por muito que eu goste do facto do fim-de-semana estar a chegar, eu terei de ficar em casa a estudar. Na próxima semana tenho testes e não me posso dar ao luxo de não estudar nada para eles. Não posso correr o risco de ser enviada para um colégio interno pelos meus pais. Não ia conseguir ficar afastada dos meus amigos, muito menos do Zayn.

Subi as poucas escadas que davam acesso ao alpendre de minha casa e levei a chave, que antes estava presa pela argola de metal aos meus dedos, à ranhura da porta.

“Jennifer.” Uma voz bastante familiar para mim soou nas minhas costas antes que eu pudesse destrancar a porta. Depois de uns segundos parada, a olhar para a porta que se encontrava perante mim, decidi voltar-me para a pessoa que tinha pronunciado o meu nome.

Um sorriso cínico estava presente na sua face. Os seus cabelos castanhos caiam sobre os seus ombros e chegavam quase até ao rabo. O seu cabelo era magnifico, já a sua personalidade não era assim tão boa. E só percebi isso quando ela deixou de falar comigo por uma estupidez.

“Cece.” Pronunciei o seu nome com alguma indiferença, o que fez com que o seu sorriso falso aumentasse mais.

Pude reparar que atrás de si, a escassos metros, se encontrava Bea. Dela sim, eu ainda nutria algum tipo de amizade. Ela não é, de todo, como a Cece. Ela é meiga, simpática e divertida, mas muito influenciável. Isso fá-la parecer, muitas das vezes, uma pessoa que ela não é.

O seu olhar transmitia tristeza e insegurança enquanto olhava para mim. O contacto que se tinha formado nos nossos olhares foi quebrado quando ela voltou a sua cabeça para baixo.

“Já não nos falamos há algum tempo.” A voz da Cece voltou a entrar nos meus ouvidos, fazendo-me olhá-la. Eu dei-lhe um simples encolher de ombros, visto não estava com disposição para grandes conversas com ela.

“É só isso que tens a dizer à tua melhor amiga?” As suas palavras deixaram-me irritada e indignada. Como é que ela se atreve a autonomear-se minha melhor amiga se deixou de falar comigo há mais de dois meses?

“Tu não és a minha melhor amiga. E arrependo-me de que algum dia o tenhas sido.” Mostrei a minha revolta perante a situação, no entanto ela pareceu divertida com a minha reacção.

“Eu sei porque estás assim.” Ela pausou por uns segundos, enquanto olhava as feições da minha face. “Foi por eu me ter afastado de ti quando te recusaste a fazer um pedido meu.” Disse com uma voz normal, sem exaltação. “Mas sabes uma coisa? O nosso afastamento tirou-me de imediato a posição que eu tinha na escola e isso não foi nada bom para mim.” Franzi as sobrancelhas com as palavras da rapariga. Não sabia onde ela queria chegar, mas se pretendia voltar a andar comigo bem que podia ir embora. “Já ninguém me olhava da mesma forma, nem sequer falavam comigo. E sabes de quem é a culpa?” Ela aproximou-se um pouco de mim. Os seus olhos ficavam mais escuros e transpareciam raiva e ódio. “Tua. Porque nem sequer tentaste redimir-te ou aproximar-te de nós.” Abri a boca para me defender e tentar fazê-la ver que estava errada, mas ela logo me mandou calar. “Eu odeio-te. Odeio-te por me teres tirado a popularidade e por me teres deixado na merda até agora.” O seu tom de voz elevava a cada palavra e duvido que ela tenha consciência disso. Ela está domada pela raiva e isso faz-me temer pelo que possa vir a acontecer.

You And I || z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora