Capítulo 3

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O apartamento de Eric não era nada como ela esperava.

Sabia que não podia esperar nada diferente da cobertura que ele morava em São Paulo, no Jardins, bairro nobre da cidade. No entanto, Jessica percebeu que a família Clark era muito mais do que rica. Eles eram podres de rico.

A porta fora aberta por um funcionário perfeitamente uniformizado, com quepe e luva. Cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso polido no rosto. Enquanto Jessica abria um sorriso de agradecimento ao homem, Eric passou por ele, dizendo para entregar as malas em sua residência.

Será que ela deveria agir da mesma maneira? Chegou a pensar, mas decidiu que não. Fingir ser a namorada do chefe não significava que ela era uma rica esnobe. Além do mais, a família provavelmente sabia que ela era uma funcionária da empresa, portanto, poderia dizer que veio de família humilde.

O hall da residência era todo em mármore e tão enorme - e vazio -, que ela se perguntou quantos residentes haveriam ali. Mais funcionários surgiram para cumprimentar Eric, que passou reto por todos e seguiu para o elevador com a mão nas costas de Jessica. Ele havia mencionado que deveriam se tratar como amantes no condomínio, pois haviam conhecidos morando no mesmo prédio e, pior, seus funcionários poderiam ser facilmente comprados para espiarem os dois.

A mulher viu-se cansada em ter que pensar em todos esses detalhes. A vida de uma pessoa rica, possível herdeira de um império e com inimigos a derrotar não era nada fácil. Agradeceu por ser uma simples funcionária, mesmo que estivesse envolvida em todo aquele drama.

A cobertura era um duplex que ocupava a extensão toda do prédio. Havia, inclusive, um elevador pessoal para os moradores - no caso, somente Eric -, da residência. Jessica olhou o painel de botões, que consistiam em apenas 4: térreo, cobertura, garagem e emergência. Acabou se perguntando quantas vezes aquele elevador fora utilizado nos últimos dois anos, já que Eric veio para Nova Iorque não mais que duas vezes durante o tempo, e a trabalho.

– A senha é a mesma da minha residência de São Paulo – ele disse, digitando-a em um painel numerado. Jessica apenas assentiu, pois sabia de cor o número. Estava mais interessada no ambiente que surgiria após a abertura das portas do elevador.

Ambiente que foi de tirar o fôlego.

Talvez o hall de entrada, junto do escritório que se localizava à primeira porta no lado esquerdo de quem entrava, fosse exatamente do tamanho do apartamento em que Jessica dividia com suas três amigas. Havia ainda uma sala de inverno, com uma lareira digital, a sala de jantar, a de estar, uma varanda gourmet, uma cozinha com quarto de empregada, despensa e adega, e uma escada com degraus iluminados que levavam ao segundo andar, onde cinco suítes, uma sala de descanso e uma pequena, mas bem equipada copa preenchiam o local.

Jessica jamais imaginaria que houvesse uma mansão dentro de um apartamento. O nível de cobertura em Nova Iorque realmente era surreal.

– Seu quarto é o mais próximo da escada. - ele disse, enquanto subia para o segundo andar, acompanhado de Jessica. – Tenho um chef que vem todos os dias, e um funcionário de limpeza que vem nos dias ímpares. Eles não subirão para o segundo andar, enquanto estivermos aqui. Nos seus dias livres, você terá que descer junto comigo.

– Sim.

– Eles apenas falam em inglês. Caso tenha que responder alguma chamada na língua, vá para a varanda e feche a porta, ela é anti-som.

Ele abriu a porta do quarto que ela se hospedaria. Jessica abriu a boca, assustada com a beleza do ambiente. Apesar de não ser grande quanto o resto da casa, ainda assim era três vezes maior que o quarto dela em São Paulo. Uma cama king size, uma mesa de escrivaninha, duas poltronas no canto ao lado de uma janela enorme, com uma vista incrível do Central Park. O banheiro era completo e possuía um pequeno closet.

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