Vá embora

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Eu devia estar terminando o cap de Nas águas do Caribe, mas tive essa ideia curtinha e não me contive. 

Baseado em uma das minhas tirinhas favoritas do Hagar, O Terrível. 

Boa leitura, doces!~

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- Yeosang! - Jongho chamou, pela segunda vez, quase colado à porta do apartamento que ambos dividiam, tentando não derrubar a embalagem de plástico, as bolsas de supermercado e a pasta de trabalho.

Maldita a hora em que perdera suas chaves.

Era seu aniversário de dez anos de casamento, quase uma década e meia juntos. Um marco lindo, para quem namorara desde os quinze anos de idade, entre diversas desavenças.

Para comemorar, o Choi havia comprado uma barca enorme de sushi para comerem enquanto viam filme, junto a duas garrafas de refrigerante e o dinheiro para pedir frango mais tarde, como sabia que o outro adorava.

Yeosang, é claro, não fazia ideia de que ele estava fazendo aquilo, muito menos que havia saído mais cedo do trabalho para preparar a surpresa, tirando proveito do fato de que o Kang trabalhava em casa, produzindo artigos para o jornal, e estaria lá quando ele chegasse.

Era o plano perfeito e a surpresa perfeita.

Romântico e meloso à própria maneira dos dois.

Logo seu marido abriria a porta com um grande sorriso, eles se beijariam e a noite começaria.

Sim.

Ou, pelo menos é o que devia ser, até...

- Quem é? - a voz do outro soou, de dentro do apartamento, levemente sonolenta.

A mente de Jongho se iluminou ao imaginar a imagem de Yeosang coçando os olhos com as grandes mangas do pijama, que mais parecia um uniforme, já que ele vivia com ele, e procurando as chaves da porta.

E, como um bom idiota apaixonado - mesmo depois de quinze anos, sim - ele sorriu, apoiando melhor as compras antes de responder, o mais pegajosamente carinhoso que conseguia:

- Sou o homem que há quinze anos rastejou à seus pés.

Rastejou, sim, porque o Choi fizera de tudo um pouco para conseguir ter e manter o Kang em sua vida, e faria tudo igual mesmo se voltasse no tempo.

Jongho esperou uma resposta, algo infernalmente meloso, como Yeosang fazia quando começavam com aquela coisa de vozes finas e apelidinhos amorosos e declarações.

Mas, aparentemente, Yeosang ainda não estava totalmente acordado, pois o som da chave sendo posta de volta no chaveiro ao lado da porta tilintou e a voz dele foi ouvida mais uma vez, abafada e distante, como se estivesse voltando pelo corredor por onde havia vindo:

- Vá embora, agora sou um homem casado.

O barulho da porta do quarto se abrindo e então batendo com um baque surdo ecoou.

A boca de Jongho se escancarou, uma gargalhada presa no fundo da garganta ao perceber que seu marido o confundira com outra pessoa que tentara namorá-lo em outra época e o deixara preso fora do apartamento em pleno aniversário de casamento.

Ele nem mesmo se interessou em abrir a porta!

Ainda com a risada o sufocando o peito, o Choi manobrou com os pesos para pescar o celular do bolso e discou o número alheio.

Quando Yeosang atendeu, no segundo toque, Jongho não o deixou falar antes de rir, finalmente, com um sorriso de ponta a ponta.

- Eu te amo para caralho, sabia? - Ditou, ouvindo um ruído de confusão do outro lado da linha, então um "eu também te amo" na voz meio rouca de sono. Seu sorriso ficou maior, quase machucando os músculos da bochecha. - Agora abre essa porta, porque eu preciso me arrastar aos seus pés por mais quinze anos. 

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Feliz ano novo! SZ

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