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Este conto é um pouco extenso, então decidi dividi-lo em 2 partes.
Espero que gostem
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(Parte 1)
No coração da noite, dois estranhos aguardavam dentro de uma van. Vestiam-se como entregadores: calça preta, camisa polo preta, boné preto, bolsa carteiro preta. Os dois observavam uma casa de 1º andar em um bairro de classe média por horas.
"Por que a gente não entra e se esconde na casa até acontecer?", perguntou Jay, balançando os pés tão rápido que a van sacodia.
"Porque eu disse que não", respondeu Steven, piscando lentamente como sempre fazia. Sentava-se com a coluna completamente ereta e tinha os lábios crispados como se estivesse com raiva da impaciência do colega, mas se realmente estava, Jay não sabia dizer. "Vamos ficar aqui, sentados até a hora certa. Nem antes, nem depois. Sem plano B, sem distrações, sem improvisos. Exatamente como no treinamento."
"Me admira que ainda se lembre do treinamento com a sua idade", resmungou Jay.
Ele virou o rosto para a janela e cruzou os braços, esparramando-se no acento. Já era tarde da noite e não havia nada nem ninguém. Só lhe restava observar a casa à sua frente e esperar. Aquela era a pior parte de seu trabalho. Por que não entravam e se escondiam nas sombras, roubavam um pouco de comida da geladeira, ou assistiam a alguma coisa na TV até que fosse o tempo de agir? Tudo menos ficar naquele tédio. Ele virou para Steven e disse:
"Olha, quando eu fazia as coisas do meu jeito tudo dava certo."
"Tão certo que agora você precisa ser supervisionado", retrucou Steven. Ele não parecia o tipo de pessoa com quem se testava a paciência. Tinha braços roliços e um pouco de barriga; era baixo e troncudo.
"Foi só um erro."
"Um erro é o suficiente. Não vai demorar muito, só mais um trabalho e a chefe vai parar de pegar no seu pé."
"Hm..."
Jay ligou o rádio. Na programação de tarde da noite, quando as músicas antigas passavam, Arthur Lee cantava: "Everybody's gotta live, and everybory's gonna die...".
Clac! Steven desligou o rádio.
"Sem distrações", disse.
"Tá bem, K", Jay resmungou.
"K?"
"O velhinho do filme do Will Smith. Banca o policial rabugento, mas no fundo tem um bom coração." Jay sorriu, mas Steven apenas continuou olhando para a casa, dando suas piscadas demoradas, sem dar um piu. "K? Do M.I.B.?"
"Posso ser velho, mas sei bem quem é K." Ele deu uma longa pausa e depois como se gostasse do que Jay tinha dito: "K, hm? É o melhor personagem do filme."
"O quê?! Você é maluco."
"Por preferir o K ao J?"
"Ninguém em sã consciência prefere o K."
"Eu deveria ter adivinhado pela sua cara que você é um daqueles fãs chatos do Will Smith."
"E quem não é?!"
Steven deu de ombros. "Eu até entendo que você goste dele, mas não tem como comparar ele com o Tommy Lee Jones. E o Will Smith nem tem tanta graça, como todo mundo fala."
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Eu Sou Uma Fábrica de Procrastinação
Short Story"Eu sou uma fábrica de procrastinação" é uma antologia de contos meus, alguns deles criadas para concursos literários, outros, apenas para praticar. De acontecimentos fantásticos a banais, todos são resultado de horas e horas de cara para cima.