⠀⠀⠀O olhar de Suna percorria pelas próprias mãos ensanguentadas. Seu corpo se encontrava paralisado, o único movimento presente era os de suas mãos agora trêmulas. O sangue escorria cada vez mais pelas mãos do garoto; por que dentre milhões de pessoas era Suna o escolhido para viver tamanha angústia?
⠀⠀⠀Rintarou não demorou a sentir a dormência irradiar pelo restante do seu corpo, as suas pernas não demoraram a perder o restante de forças que o mantinham ajoelhado sobre os dois cadáveres a sua frente. O seu corpo caiu para trás o permitindo se sentar no chão de mármore branca.
⠀⠀⠀As pupilas do garoto se encontravam dilatadas, mas não era de se surpreender. E mesmo obtendo o corpo falho, os seus olhos percorreram mais uma vez pelas próprias mãos ainda manchadas pelo sangue. Suna tentou acalmar a respiração; mas falhou, falhou de forma miserável.
⠀⠀Ele fechou os olhos na esperança de que ao abrir e tudo não passaria de um maldito pesadelo. Abriu os olhos com uma pequena e fraca esperança, mas ao abrir percebeu que essa era apenas mais uma realidade que este terá que passar, pois, os corpos de seus avós continuavam ali; estirados pelo chão com suas roupas de cores claras sendo manchadas pela poça de sangue que se espalhava gradualmente. Mais uma vez chegou às mãos pálidas de Suna, que as fechou sob o sangue. Ele pensou em ficar de pé e sair correndo dali, mas desistiu ao perceber que o mesmo não possuía forças para tal ato. Sua respiração começou a se desregular, não demorando a maldita falta de ar fez presente.
⠀⠀⠀Suna decidiu parar de tentar ser forte e se permitiu chorar.
⠀⠀⠀Saiba que todas as lágrimas derrubadas naquela noite, saíram como adagas no peito de Suna. Não era de seu costume fazer esse tipo de coisa, mas as pessoas que cuidaram e o protegeram de grande parte da maldade do mundo, acabaram de ser assassinadas e ele não pode fazer nada para impedir a morte de tais.
⠀⠀⠀Mais do que nunca, Suna estava sozinho. ⠀
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⠀⠀⠀Você estava sentada no guarda corpo da varanda em seu quarto, onde tinha a vista completa das casas da sua nova vizinhança, percebeu que alguns carros de luxos passavam com velocidade de 20 km/h. Algumas crianças agasalhadas brincando no parquinho a frente de sua casa.
⠀⠀⠀Mesmo com o inverno prestes a acabar, o frio ainda era imenso o que no momento, não era incômodo para você, pois estava agasalhada. Sempre achou essa a melhor época do ano, principalmente naquela casa, onde tinha a mais bela vista das grandes árvores com suas folhas preenchidas com neve, alguns flocos caindo uma vez ou outra, o céu totalmente cinza com o tempo fechado; era algo lindo de se ver em fotografias mas melhor ainda seria em uma tela de pintura.
⠀⠀⠀Sorriu ao ver seu irmão, Gael, o caçula. Percebeu que ele tentava se enturmar com as crianças do parquinho. Quando ele olhou em sua direção começou a acenar te chamando para brincar com ele; mas como sempre, você negou, dando aquele sorriso perfeito, alegou que iria pintar e assim fez.
⠀⠀⠀Esse era seu maior conforto, sua forma de fugir da realidade, seu passatempo favorito sem dúvidas. Talvez como o pincel desliza sobre a tela de pintura, talvez a mistura de cores ou talvez o resultado. O motivo era desconhecido por você, somente sabia que pintar te trazia a melhor sensação que o mundo poderia te proporcionar.
