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Lauren Jauregui POV

Camila entrou e passeou pelo lugar com os olhos marejados, tomei liberdade de colocar minhas mãos em seus ombros, ela levou um pequeno susto, mas não me afastou, por dentro eu agradecia. O quarto era decorado com ursos e um céu bastante alegre, Taylor havia me dito o quanto ela tinha gostado do senhor urso e achei que seria uma bela decoração, poucos brinquedos significativos e nada tão caro, eu sabia que Camila não aceitaria uma mudança repentina, uma mesa, coisas para desenhar, um tapete cor de rosa felpudo para suas brincadeiras, algumas roupas e sapatos. Tudo muito básico, eu não queria que Camila sentisse que estava esfregando meu dinheiro na cara dela.

- Lo... é tudo muito bonito - Lo? Um novo apelido, respirei fundo e apertei levemente os seus ombros.

- Eu posso ter demorado Camila... – Pigarreei – Sinto muito que meu relacionamento com Michael tenha custado o nosso relacionamento e nossa família – Engoli em seco, pensar nisso me causava um nó na garganta – Eu... Eu não sei se estou pronta para ser mãe assim de uma hora para outra, mas sei que estou disposta a dar o meu melhor e espero que você possa me ajudar a conquistar nossa filha – Acho que essas foram as palavras mais sinceras que eu dei dentro desses cinco anos.

Camila passeava pelo quarto olhando tudo, mexendo em cada item e não parou para me responder ou olhar, não sabia o que se passava em sua cabeça e confesso que isso estava me deixando um pouco estressada, não era do meu feitio esperar por alguém, não mais, eu aprendi a querer tudo na mesma hora e a fazer de tudo para tê-lo, mas aquilo não iria funcionar com Camila e demonstrar minha fragilidade já tinha me custado muito.

- Se... – Pigarreei – Se você não gostou eu posso mudar tudo, quer dizer... Eu... Eu não sei se ela vai gostar – Dei de ombros.

- Eu acho que ela vai adorar ter um quarto só dela Lauren – Ela respirou fundo – E também acho que você será uma boa mãe, esse quarto mostra o quão você pode ser atenciosa – Um elogio, uma confirmação de que pelo menos uma vez na vida eu poderia fazer as coisas certas.

- Bem... Eu... Obrigada – Sentei na poltrona que tinha ali e ela sentou em uma das cadeiras de balanço – Será que podemos conversar sobre as finanças? Do que ela precisa, quando vamos poder contar a ela, esse tipo de coisa – Eu sabia pelos olhos dela que eu havia pisado em falso.

- Eu não quero seu dinheiro Lauren, não falta nada para Ellie, estou indo bem no meu novo emprego e logo mais vamos nos mudar para um apartamento melhor e maior – Ela deu de ombros.

- Não estou dizendo que esta faltando, Camila – Parei de falar procurando o que dizer para não intimida-la – Bem, eu quero participar da vida dela e parte dos deveres de um pai, ou mãe no meu caso, é dar suporte financeiro, eu me informei com minha advogada sobre tudo isso – No momento que eu citei a advogada eu sabia que tinha feito um segundo passo em falso.

- Eu tenho que ir, está muito tarde – Ela levantou voltando para a sala e pegando sua bolsa – Em outro momento conversamos, eu vou falar com Ellie e depois com você – Ela saiu sem olhar para trás, não me deu chance de pestanejar, por um momento achei que estava indo bem.

[...]

Uma semana havia se passado desde a minha conversa com Camila, ela não retornou minhas duas ligações e nem respondeu minhas mensagens, que não foram muitas já que tentei me policiar, enquanto isso Taylor continuava visitando Ellie e me falando coisas sobre seu dia como se isso não me machucasse, claramente ter falado sobre advogado com Camila não foi um passo certo, mas eu queria saber de todos os direitos de Ellie, quero deixa-la amparada mesmo que Camila negue, ela vai ter que aceitar minha presença e meu dinheiro, Ellie é uma Jauregui.

- Me deixa ver se entendi Normani... – Massageei a testa – Vocês perderam o rastro do Michael na Suíça?

- Sim, achamos que... – A interrompi.

- Eu não quero saber o que vocês acham, vocês não são pagos para isso – Olhei as três pessoas naquela sala.

- Lauren, desculpe, mas ele é bastante ardiloso não achamos que ele fosse capaz de fugir por tanto tempo ainda mais com uma família – Tom falou colocando uma pasta a minha frente – Achamos que ele as deixou amparadas em algum lugar na Ilha Rousseau e agora seguiu viagem sozinho.

- Tom, contratei seus serviços por que você é o detetive de confiança da família Jauregui há gerações, mas você até agora teve duas falhas comigo, não achou Camila e passei cinco anos longe dela e da minha filha – Ele engoliu em seco – Agora vou ter que esperar Michael acabar com todo meu dinheiro também?

- Nós vamos dar um jeito nisso... – Interrompi.

- Espero mesmo, quero todo pessoal de T.i procurando ele, cada detetive que estiver a disposição, cada sistema invadido inclusive, quero saber como anda as investigações da policia, se não você e todos relacionados, vão precisar achar outra profissão – Tom engoliu em seco e entendeu que eu já tinha terminado.

Depois que eles foram embora voltei para minha sala sendo seguida por Normani, olhei-a por cima do ombro e sua cara não era nada feliz, acomodei em minha cadeira e olhei-a firme.

- O que quer? – Perguntei depois que ela se acomodou

- Camila me enviou o cheque novamente com um bilhete escrito "Ellie não precisa do seu dinheiro" - Ela soltou um sorriso – Ela é cabeça dura quando quer.

- E como você exatamente saberia disso? – Perguntei apoiando os braços na mesa.

- Já tivemos dois contatos com esse então, supus que não seria fácil – Ela deu de ombros e por um momento notei que estava me escondendo algo – O que quer fazer agora?

- Estive pensando... – Passei as mãos no cabelo, essa guerra com Camila ia acabar me matando – Vamos abrir um fundo e colocar no nome de Ellie – Normani arregalou os olhos, por que diabos ela faria isso? – Algum problema Normani?

- Não – Ela pigarreou – Quer dizer, Camila não aceitaria isso, se está com problemas com um cheque por que acha que ela aceitaria?

- Porque não vai estar no nome dela e sim de nossa filha, com uma clausula bastante detalhada que ela só pode mexer quando atingir maioridade, assim Camila ficará ciente que pretendo que nossa filha tenha condições de escolher um futuro bom, seja como ela quiser, se por um acaso ela não quiser o dinheiro também, que ela doe ou não sei – Dei de ombros, não quero pensar que Ellie seria difícil quanto a mãe quando fosse mais velha, mas era bem possível que isso acontecesse.

- Certo – Ela levantou se ajeitando – Farei tudo isso e lhe dou respostas, agora tenho um compromisso, até mais.

[...]

Passavam das cinco da tarde quando resolvi sair da empresa mais cedo, estava dentro do meu carro parada em um sinal vermelho, quando arrastei meu olhar pelo Lincoln Park, havia algumas famílias sentadas na grama e algumas crianças brincando e correndo, elas pareciam alegres, por um momento pensei em Ellie como seria bom conhece-la de verdade e poder passear, voltei o olhar para o sinal que ainda estava vermelho e olhei novamente o park e as crianças... Uma até parecia... Espera aquela ali era... Era a minha criança, Ellie? Retirei os óculos escuros e apertei os olhos, buzinas vieram da parte de trás e notei Camila sentada no banco sorrindo para ela, mais buzinas e um "Sua idiota anda logo", sai com o carro dando a volta e parando em um lugar proibido, provavelmente meu carro seria rebocado, andei rapidamente para onde tinha visto elas, Camila continuava sorrindo para Ellie que fazia brincadeiras para a mãe, por um momento meu coração ficou acalentado, teria sido ótimo ter tido esse momento com elas, por algum motivo eu estava pensando em reaver minha família, mas aquilo era impossível, Camila não me amava mais e toda atenção deveria ser dirigida a Ellie.

- Camila? – Me aproximei com cautela ficando atrás dela que virou com os olhos arregalados.

- TIA MANI – Ellie gritou e correu para a mulher que segurava dois sorvetes, mas que porra é essa? 

Reticências - G!p (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora