Blue (Sooshu)

Sete

"Está pronta, Shuhua?" Minnie bateu suavemente na porta do quarto. Shuhua ajeitou o gorro em sua cabeça e caminhou até a porta, abrindo-a vagarosamente e sorrindo quando viu a menina mais alta do outro lado. 

"Pronta." Shuhua assentiu uma vez. "A Soojin vai estar aqui quando a gente voltar?"

"Ela volta da aula em uma hora." Minnie abriu mais a porta e fez menção para Shuhua segui-la. Shuhua tinha sua terapia naquele dia. 

"Eu não gosto de ir lá." Shuhua confessou, enquanto seguia Minnie para fora até o carro. A tailandesa levantou uma sobrancelha, se certificando de que Shuhua tinha colocado seu cinto antes de sair para a rua. 

"Por que não?" Minnie perguntou. Shuhua suspirou e balançou a cabeça.

"Eu não conheço ela." Shuhua puxou suas pernas de encontro ao seu peito e encarou a janela. "Ela não me conhece. Estranhos não são amigos."

"Eu entendo o que você quer dizer." Minnie disse, honestamente. "Mas ela é uma médica, você tem que pelo menos tentar deixa-la te ajudar." 

"Por que eu preciso de ajuda?" Shuhua subiu a cabeça e olhou para a garota mais velha. Ela não entendia por que precisava ir. 

"Eu não tenho certeza." Minnie batucou no volante com os dedos. "Tem apenas algumas coisas que você tem que trabalhar, só isso. Todo mundo precisa trabalhar em algumas coisas. Você só precisa de uma ajudinha extra." 

"Mas nem todo mundo tem que conversar com uma estranha." Shuhua suspirou. Isso a fazer sentir diferente. A sentir estúpida. Por que ela era a única pessoa que precisa de ajuda?

"Isso é mentira." Minnie encolheu os ombros. "Eu tenho que ir depois das aulas e pedir ajuda para meus professores às vezes. É praticamente a mesma coisa. A única diferença é que eu preciso de ajuda para dançar com saltos e você com emoções. Não há nada do que se envergonhar. "

Shuhua assentiu vagarosamente. O que Minnie dizia começava a fazer sentido. 

Assim que elas chegaram no consultório, Shuhua foi guiada até a pequena sala. Ela sentou na mesma cadeira vermelha que ela havia várias vezes antes. Haviam algumas cadeiras diferentes na sala, mas ela sentava na vermelha porque era a que ficava mais longe da mesa da psiquiatra.

"Como as coisas têm estado em casa, Shuhua?" A mulher de cabelo escuro desviou o olhar de sua mesa. Shuhua abaixou a cabeça e começou a mexer com as suas mãos nervosamente. 

"Bem." Ela deu de ombros e ajeitou o gorro em sua cabeça. Soojin havia dado o gorro para ela, lembrou-se. Era o seu gorro da sorte. Enquanto vestisse-o, poderia fazer qualquer coisa.

"O que você tem feito desde que nos vimos pela última vez? "A mulher batucou seu lápis contra a mesa. O barulho apenas fez com que ansiedade dela crescesse.

"Eu fui à aula com a Jinjin." Shuhua se lembrou, sentindo um sorriso se formar em seu rosto. 

"Você não quis dizer Soojin?" A mulher questionou. Shuhua assentiu.

"Foi o que eu disse." A menor começou a ficar nervosa. "O nome dela é Jinjin. Só eu posso chamá-la assim. Ela é minha Jinjin."

"Oh." A terapeuta anotou algo. Shuhua não gostava de suas expressões faciais, elas as preocupavam. 

"Eu fiz uma amiga também." Shuhua deixou escapar. Ela sabia que uma mulher escrevia algo sempre que ela tinha dito algo errado. "Dois amigos." 

"Você fez?" A mulher olhou para cima. "Conte-me sobre eles."

"Eles são da classe da Jinjin. Há uma garota chamada Soyeon e o namorado dela, Jae. Ele faz coisas com argila." Shuhua olhou para seu braço, onde Soyeon tinha pintado uma flor. Ela havia lavado no chuveiro, mas ainda era possível ver uma leve sombra de tinta preta.