Entre Feitiços e Danças [kth + jjk] [HIATUS]

Por ti, teu guardião.

Faltavam dois dias. Dois exatos dias para a cerimônia de boas-vindas tão esperada daquela temporada. A vila estava bem enfeitada com flores e bandeiras, até mesmo fadas de diferentes espécies voavam alto pelo céu azul claro, soltando pós brilhantes e cheirosos nas telhas dos moradores tão animados. Bruxas corriam para lá e para cá em busca de vestidos pomposos para usar no dia do evento, enquanto bruxos alugavam ternos caríssimos nos mais luxuosos alfaiates que o pequeno emaranhado de casas poderia oferecer.

Taehyung não estava diferente, mas não estava particularmente igual aos outros. Devido às atividades da academia envolverem magia, todas as salas do Instituto deveriam ter algum papel na preparação da celebração. Alunos corriam de um lado para o outro recitando feitiços para a natureza ao redor ser protegida de quaisquer danos, para as decorações não saírem voando e até mesmo avisando os animais para se prepararem para a massiva tempestade. O Kim não podia ter esse privilégio, no entanto, então ele estava na equipe da organização. Acendendo tochas, limpando arquibancadas e até mesmo reforçando a pintura da área de pouso para que ficasse bem visível para o feiticeiro que estava por vir.

E ele repudiava isso.

— Eu já acendi essa tocha três vezes! Como ela continua apagando? — Questionou, gesticulando exasperadamente com as mãos.

A raposa ao seu lado levantou o focinho, estreitando os olhos de maneira suspeita.

— Eu sinto cheiro de crianças. E te falar, temos muitas por aqui. As excursões escolares não param.

— Como você sabe que são crianças?

— Só os pirralhos conseguem ter o cheiro de vários tipos de doces misturados. É como sentir cheiro de açúcar puro, só que mil vezes pior e mais enjoativo — O guardião quase regurgitou.

O Kim assentiu com a cabeça, olhando em volta mais uma vez. O campo de pouso estava quase vazio, restando poucos alunos ainda na área. O silêncio dominaria os ouvidos de quem estivesse por perto se não fosse o som de folhas voando e farfalhando pelo vento. Taehyung suspirou, assistindo o sol sumir lentamente por trás da altas árvores que cobriam o horizonte.

— Acho que está na hora de ir para casa.

— Também acho — Concordou a raposa, começando a andar em frente ao moreno.

Taehyung estava prestes a seguir o guardião, porém parou no meio do caminho. Jurava que havia escutado um chamado. Um nome...

— Meu nome? — Virou-se bruscamente, procurando a voz doce que escutara a alguns segundos atrás.

Mas não havia ninguém.

Franziu o cenho claramente transtornado, detalhe esse que não passou despercebido por Jimin.

— Taehy? — A raposa chamou, se aproximando do moreno que estava parado no meio do campo de pouso. — O que aconteceu?

— Eu não se-

E então o Kim sentiu. Sentiu como o vento sussurrava poesias, como os pingos de chuva caiam em sincronia e como as canções dos pássaros se misturavam no fundo criando a mais bela trilha sonora que já havia ouvido. Sentiu o último raio de sol aquecer sua pele antes de ser substituído pelo singelo brilho da lua. Esfregou os pés no calçado, sem entender como estava sentindo a grama embaixo de seus pés e se encolheu ao ser atingido pela repentina rajada de vento.

E com seus olhos, avistou. A mistura de cores, de elementos, de brilhos, de almas. Avistou uma nuvem de fumaça colorida se aproximar, uma nuvem em que vários rostos saiam de dentro. Cada rosto sussurrava algo diferente, mas todos queriam uma só coisa. Que Taehyung os alcançasse. Que Taehyung os perseguisse. Uma frágil linha se formou dentro do Kim, uma linha muito fina que dividia a curiosidade e o medo que estava sentindo naquele momento em duas partes muito próximas uma da outra. Uma linha que dava apenas duas opções ao bruxo. Correr para a direção oposta ou correr para a direção em que aquela coisa estava.