Chegando ao Orfanato

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Quero contar aqui, como uma psicóloga virou uma escritora, de como passar um tempo com crianças te muda. 

No ano de 2002 fui requisitada pelo governo para trabalhar em uma instituição que abrigava crianças carentes até a maioridade. Arrumei minhas malas e estava super empolgada, peguei o trem logo cedo, e cheguei ao BAM que chamado por eles de Buraco de Abandonados pela Mãe no finalzinho da tarde. Achei o nome criativo e vi ali uma expressão para lidar com suas rejeições.

Assim que desci da balsa um casarão rodeado pela mata e pelo rio me assombrou, era de arrepiar aquela figura escura e sinistra de uma casa velha e abandonada, enquanto fico rodando, olhando tudo a minha volta percebo uma moça correr até mim no meio de toda aquela terra escura que chegava até a porta do Bam, ela tinha belos cabelos negros e olhos azuis pele rosada parecia nem pegar sol, usava um vestido branco com botas pretas trazia em suas mãos uma vela e uma caixa de fósforos 

_Ola! Você deve ser a psicóloga Jéssica Milch. Prazer sou Morgana Misty, estávamos te esperando para o jantar, venha vamos lhe apresentar as crianças, e a supervisora Adelaide.

Ela me pegou pela mão e saiu me puxando.

_mas e minhas malas? 

_ Jhon vai levá-las ele está vindo já. Disse ela

Chegando na porta havia um corredor amarelo com fotos para todos os lados e um rapaz de cabelos negros e olhos escuros era mais baixo que eu mas tinha ombros largos e esbanjava simpatia, nos parou no caminho. 

_ Olá, senhorita Jéssica, me chamo Jhon e estou aqui para ajudar no que precisar!

_ Muito obrigada, mas por que já me chama de senhorita, a caso sabe se sou solteira? Respondi ironicamente.

_ Bom se não fosse nem viria para cá, pois, aqui irá ficar longe de tudo e de todos e pelo o que sei durante três anos, acho que nenhum marido esperaria tanto tempo assim sua esposa! Disse ele rindo.

Confesso que fiquei atraída por ele de imediato mas percebi que havia uma aliança em sua mão o que me fez querer saber a respeito.

_ mas acho que vc deve ser casado então?

_ sou sim, com está jovem que está ao seu lado já faz dez anos. 

Fiquei decepcionada, até porque Morgana era linda, só que um pouco ríspida às vezes com relação a ele.

_ vá pegar as malas dela lá fora e leve de imediato a seu quarto, se não for pedir muito. Morgana mudou totalmente seu modo de falar ao se dirigir a ele. Eu estranhei eventualmente mas o que ali não era estranho afinal o lugar me dava um certo pavor, mas ele nem a questionou apenas me deu um sorriso sem graça e saiu para fora.

Chegando no saguão o lugar onde todas as crianças estavam Adelaide se levantou de seu assento sorrindo e veio me cumprimentar com um caloroso abraço.

_ bem vinda senhorita, espero que não esteja tão cansada?

_ não, eu estou bem, vejo que não temos energia por aqui? Afinal o lugar tinha velas para todos os lados.

_ não, não. É que ouve um problema em nosso gerador, amanhã já estará funcionando novamente. De noite é perigoso lá fora, por isso só irá ser arrumado durante o dia.

Disse ela para mim. Apenas balancei a cabeça, confesso que fiquei aliviada em saber que temos energia.

_ Agora, vou apresentar as crianças a vc. Temos alojadas 20 crianças, 11 meninas e 9 meninos, 6 quartos, 2 são das meninas e um dos meninos, 1 é seu outro meu e outro de Morgana estes quartos são menores. O das crianças possuem 10 camas em cada um.

_ então são ocupados somente dois quartos pelas crianças?

_ não, as meninas ocupam dois quartos tivemos que dividir, não tinha como deixar apenas uma em um quarto, então 6 meninas ficam no A e 5 ficam no C. O quarto B é o dos meninos.

As crianças tinham de 7 anos para cima, todas me olhavam como se nunca tivessem visto uma pessoa de fora. Então me sentei ao lado de um rapaz que o chamavam de Belga, colocavam as crianças separadas por sua idade, ele estava na mesa com outros dois meninos sentados que aparentavam ter entre 15 e 13 anos.

_ olá meninos, como se chamam?

_me chamo Rafael, mas pode me chama de Belga.
Disse ele sorrindo e abaixando a cabeça.

_ eu sou Charles. Disse o menor que era gordinho e usava óculos.

_ sou Menzo, o garoto mais bonito que vai ver aqui. Assim todos caímos na risada até por que Menzo tinha olhos azuis igual água, era careca e não tinha dois dentes na frente.

_ concordo mais aqui todos são bonitos, cada um despoja de uma certa beleza.
Eles concordaram comigo.

Belga tinha 17 anos era um rapaz de olhos verdes de um sorriso cativante e parecia não causar problemas para os adultos, ele era como um líder para os menores e todos seguiam o que ele falava mais seus melhores amigos eram Menzo e Charles eram inseparáveis e se comparavam aos três mosqueteiros.

Levantei da mesa e fui conhecer as outras crianças mas jantei ao lado dos mosqueteiros afinal eles eram bem humorados e me trataram de forma respeitosa.

Depois Morgana me acompanhou até meu quarto, o lugar era bem pequeno era uma cama simples de casal com uma mesinha de cabeceira ao lado e um guarda roupa de duas portas velho. Morgana deixou para mim uma vela e me apontou seu quarto caso precisasse de algo eu agradeci, e fui desfazer as malas, alguém bate a minha porta, quando abro era Jhon com uma xícara de chá.

_ Jéssica, trouxe um chá de camomila para vc, creio que a viajem foi cansativa assim terá uma noite tranquila.

_ obrigada, gentileza de sua parte. Ele me olhou profundamente nos olhos me encarou por segundos, o que me encantava por que aquele modo de olhar e o jeito que ele penteava o cabelo fazendo um topete era simplesmente atraente. Mas não pude ficar ali o encarando, pois, não seria certo abaixei a cabeça sorrindo e disse a ele boa noite.

8 BESOUROS E OS TRAPOS DE BELGAOnde histórias criam vida. Descubra agora