Voltando pra casa

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Esses dias nos hospital não foram os melhores, pois, além das consultas que tinha no Bam ainda tinha que ir fazer seções regulares com Belga. Eu estava realmente exausta, as crianças ficaram confusas com a cena que viram e tive que acompanhar todas para evitar algo maior como traumas.

Belga iria receber alta, e fomos busca-lo Jhon me pergunta em meio a viagem pelo rio:

_esta cansada?

_estou sim, quase não estou dormindo a noite, só penso em como lidar com esses obstáculos, estou achando cansativo.

_ tudo bem, vamos tomar um café juntos então?

_ mas e quanto Belga?

_ ele terá alta somente as 9 horas. Temos uma hora para nosso café.

Bom eu concordei com ele afinal estava faminta e necessitava de uma xícara de café, para me animar.

Chegando a confeitaria, nos sentamos a mesa e fizemos o pedido. Pedi um café puro amargo e uma fatia de bolo de coco. Jhon pediu café com creme e um pão de queijo.

Aproveitamos o tempo juntos para falarmos sobre o casamento dele e como ele estava desanimado com a esposa, tive que lhe dar concelhos racionais como profissional, mas nada supera o melhor de todos que é se vc não está feliz, se essa pessoa não te ama e não te deixa lutar por ela, então vc não tem motivos para estar ali ainda, gostaria de ter lhe dito isto mas não posso, afinal separações são dolorosas e necessitam de tempo para cicatrização.

Confesso que adorava a forma que ele me tratava, me fazia me sentir querida, e nesses dias de correria entre o Bam e hospital acabamos ficando mais próximos. Criamos um tipo de amizade, que se moderava na presença de Morgana.

Passando em frente a um pet shop vimos alguns cachorrinhos filhotes estavam para adoção. Eu olhei para Jhon, ele me olhou, e decidimos levar um para Belga cuidar. A ideia a princípio era fazer ele se sentir responsável por algo e não se sentir insuficiente.

Fui pega-lo dentro do hospital, e Jhon ficou lá fora com o filhote. Ao sairmos Belga viu o cachorro e me olhou assustado.

_ e esse cachorrinho???

_ bom ele será o mascote do Bam mas a responsabilidade de cuidar, dar amor e alimenta-lo será toda sua.

Ele me deu um abraço apertado e saiu correndo para pegar o cachorro, Belga tinha os punhos enfaixados mas não o limitou a levar o cachorro em seus braços. Os dois pareciam se conhecer a muito tempo de tanto que ele sorria e o cachorro o lambia.

_ vai se chamar Recuperação. Acho que ele escolheu esse nome pelo momento frágil que se encontrava. Mas é criativo tenho que admitir.

Chegamos ao BAM e informamos Adelaide sobre o ocorrido, e todas as crianças já foram abraçar Belga e conhecer seu companheiro. Vi ele se mostra forte, e mostrou os punhos enfaixados contou como era no hospital e como eu tinha salvo a vida dele. Jhon alegre foi contar a Morgana que não deu muita importância a história mas veio me perguntar se realmente a ideia do cachorro era boa.

_ pode ser que os pequenos briguem pelo Recuperação, mas acho que Rafael vai saber lidar com a situação e vai ser responsável pelo cachorro. A ideia era ótima o fato de Belga se prender em algo não o deixaria se sentir inútil ou só.

Claro que percebi que Morgana não havia gostado muito da ideia pois ela tinha um certo tipo de alergia a animais. O que eu não sabia. E quem ficou em apuros foi Jhon, que sabia.

Fomos jantar, tudo ia bem as crianças estavam felizes, mas tudo mudou derepente um clima tenso paira no ar.

Gritos de uma discussão e coisas quebrando. Adelaide com sua forma doce, diz as crianças que estava tudo bem e que ia ver o que acontecia.

Fomos até o quarto do casal, tive que acalmar Morgana que tremia de raiva, acho que ela queria matar seu marido. O ódio era notável em seus olhos, ela pediu que ele não dormisse no quarto mais com ela por que não queria vê-lo. Ele pegou as coisas dele e saiu do quarto, vi que ele estava constrangido com a cena que ela havia feito.

Bom conversei com ela, pedi para ela se acalmar que não havia necessidade para tanta confusão. Mas naquele momento o que fosse falado a ela entraria por um ouvido e sairia por outro, apenas sai do quarto e fui ficar com as crianças.

Adelaide a advertiu e disse que não iria admitir aquele tipo de comportamento. Se ela quisesse era só sair de perto do cachorro que ficaria bem e que tomasse antialérgicos.

Jhon pegou um colchão do quarto das meninas e o levou até a dispensa. Fui até lá e disse:

_ ainda bem que não temos ratos né.

Ele me deu um sorriso envergonhado.

_ olha me desculpe por aquilo, vc não tem culpa, e eu não sabia que ela não iria entender o que fizemos.

_ tudo bem Jhon não precisa me dizer nada.

Eu estou vendo quem é Morgana a cada dia e realmente vejo que ela não o merece, apenas pensei comigo.

Ele ajeitou o colchão assim fui ver os meninos e vi que todos ainda estavam eufóricos pelo cachorro. Belga havia colocado recuperação para deitar com ele.

_ Belga, se Recuperação dormi contigo ele irá acabar fazendo necessidades na sua cama, vc deve arrumar um lugar para ele dormir.

As crianças pegaram lençóis velhos e puseram no chão para que o cachorro dormisse em cima.

Fui me deitar. Acendi uma vela eu fui ler meus livros de psicologia, certas horas da noite alguém bate a minha porta, quando abro Jhon estava na porta, fiquei surpresa.

_ oi, precisa de algo? Mal terminei de dizer isso e ele simplesmente me beijou, os lábios dele simplesmente se encaixavam e quando ele me tocou senti uma vontade de me jogar em seus braços. Mas apenas o empurrei e disse:

_ por favor, gostaria que mantivesse o seu respeito por minha pessoa, afinal está comprometido e não quero me envolver.

Então ele pediu desculpas e voltou a despensa, fui me deitar e a aquela cena se repetiu várias vezes em minha mente, até eu finalmente dormir.

8 BESOUROS E OS TRAPOS DE BELGAOnde histórias criam vida. Descubra agora