Prólogo

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Melanie Passos

Cidade de Vinhas, Sul do Brasil

Horror, medo e o mais puro desespero me açoitavam, assim como uma das tempestades mais fortes que já testemunhei na vida.

Corri por minutos, depois, continuei pelo que pareceram horas. O frio entrava em meus ossos, assim como a água da chuva impiedosamente encharcava minha roupa. Não conseguia enxergar um palmo à minha frente, só havia mato e mais mato, por todos os lados.

Tropecei em um buraco e caí com tudo em uma poça de lama. Tentei me levantar, mas o que estava preso em minha garganta se libertou. Vomitei tudo que ainda restava em meu estômago.

Passei o dorso da mão pela boca, uma das poucas partes ainda limpas e mais uma vez comecei a chorar. Não conseguia dizer se saíam lágrimas dos meus olhos ou por dentro eu já estava tão vazia quanto meu estômago, mas meu peito doía tanto que eu sequer consegui me mover.

Meu coração estava sendo arrancado, aquela era a sensação. A dor latente se espalhou por todo meu corpo que começou a tremer ainda mais de frio, cada centímetro da minha pele doía, assim como minha cabeça, mas eu não podia parar, tinha que continuar fugindo.

Não posso desistir!

Estremeci. A chuva aumentou drasticamente e eu não fazia ideia de onde estava, mas tinha certeza que se continuasse caminhando, provavelmente conseguiria chegar a uma das estradas.

Levantei-me, sem saber o que faria quando chegasse até as estradas e percebi que estava com mais medo daquela resposta do que da escuridão que me cercava.

Com todo aquele breu, seria fácil cair em uma vala, ou um buraco mais profundo. Então comecei a caminhar um pouco mais devagar. Tentei me convencer que aquele era o motivo pelo qual começava a arrastar os pés e não o frio absoluto unidos ao cansaço extremo que sentia.

Andei, vagando em pensamentos, pelo que me pareceu uma eternidade. Estava exausta, com frio, com medo. Meu casaco estava pesado de tão encharcado, mas se o tirasse, perderia a proteção contra os ventos fortes e não sabia o que poderia ser pior.

Depois de um longo tempo imersa em escuridão, minha mente cogitou a hipótese de desistir. Sentia-me fraca demais, gelada demais. Não era assim que as pessoas morriam? De frio no meio de uma tempestade, perdida nas matas?

Cambaleei, em dúvida se conseguiria sair dali viva e como uma resposta divina, vi ao longe uma luz clara, piscando. Um fio de esperança brotou em meu peito, mas a dor lancinante da incerteza continuava me cercando.

Comprimi os lábios, contendo a súbita vontade de me abaixar e chorar até perder o pouco de força que ainda me restava.

Precisava continuar caminhando, mas estou tão cansada.

Tão zonza!

Não consigo sentir meus dedos... O pensamento me ocorreu.

Quanto mais eu olhava para aquela pequena luz, mais longe dela eu parecia estar. Minhas pernas começaram a fraquejar e de repente... eu caí!

Meus joelhos bateram estrondosamente no chão de pedras e lama. Tombei para a frente e me apoiei nas mãos, lutando para conseguir me levantar, mas a fraqueza me venceu. Ergui o rosto a tempo de ver uma figura escura vindo rápido em minha direção.

Era um animal?

Fiquei tonta e perdi as forças dos braços, assim como meu apoio. Minha visão embaçou, mas ainda tive tempo de ver a figura se aproximar, grande, enorme.

Fechei os olhos incapaz de mantê-los abertos por mais um segundo e senti minha mente se desligar.

Era tarde demais pra mim.

****

Ei, meu povo! Que alegria estar de volta. Este é o prólogo do meu próximo lançamento e gostaria muito de convidar vocês para mais este romance. 

Os capítulos serão postados toda terça e sexta às 20h.

No próximo capítulo vou apresentar nossos avatares. Torcendo para que gostem. Grande abraço, minhas queridas e queridos e ótimo final de domingo.


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Nos braços da tempestade - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora