Um desejo as estrelas

73 7 6
                                    


Londres, ano de 1880.

INUYASHA

Fico em silêncio por um momento, pensando nas minhas perdas e comtemplando as estrelas enquanto estou sentado na praça escura e vazia. A dor da morte da minha mãe parece tão forte hoje.

Me sinto tão solitário.

Fui até a Igreja ver a missa. Não porque sou religioso, mas pela minha mãe. Fiquei no fundo, bem no cantinho, para ninguém me notar. Só queria rezar em paz. Já faziam seis anos da sua morte.

As pessoas olham com cara feia para mim. Um garoto com roupas velhas e remendadas, sujo de graxa. E sabe lá mais o quê. Um boné velho cobria minha cabeça. Já estou acostumado com os olhares de desprezo e nojo.

Nada mais me importa.

Ajeitei a velha caixa que usava para engraxar sapatos nas calçadas. Hoje o dia foi horrível. Aliás, essa semana está péssima. Tive poucos clientes ontem e hoje nenhum. Sem um "puto" no bolso sou obrigada a buscar nas lixeiras algo para comer, antes de voltar pra casa.

Meu estômago ronca alto. A dor da fome lateja na minha barriga. Não tive uma refeição decente a muito tempo. Sobrevivo comprando o que dá de alimento com os trocos que recebo.

Eu cobro cinco dólares para engraxar um par de sapatos. Se eu pedir mais do que isso, não terei clientes.

Maldição!

Coloco minhas coisas em um saco de pano remendado. E pego o outro saco mais limpo e passo de lixeira em lixeira. O fedor não me incomoda mais. Saciar a minha fome é mais importante. Estou nessa situação desde meus quatorze anos.

Desde que minha mãe se foi.

Meu tio Myouga cuidou de mim, mas ele era muito pobre. E sua renda de engraxate mal nos sustentava. Então comecei a trabalhar cedo. Até ele falecer a dois anos. E eu fiquei sozinho. Mas eu tinha esperança de mudar de vida. De encontrar alguém que me ame.

Esperança de um dia ser feliz.

Passo na primeira lixeira grande que encontro. Rasco o saco imundo e vasculho. Nada comestível aqui. Na próxima lixeira encontro meio sanduíche de frango. Mas é só isso. Parece limpo e comestível, ainda enrolado em um guardanapo. Ponho dentro da sacola.

Isso me anima um pouco.

Quando me dou conta, estou em frente a uma mansão branca. Os portões negros e um jardim impecável. É a residência do meu pai. Ou melhor, foi um dia. Quem mora aqui é meu irmão e eu só o vi duas vezes.

Dizia Myouga que meu pai faleceu quando eu era criança e não me deixou nenhuma herança. Um dia, ele apontou um homem ao longe, vestido de terno branco com gravata roxa. Esse era meu irmão mais velho, Sesshomaru.

Eu queria ir atrás dele. Conhece-lo e pedir um emprego decente. Era só o que eu queria. A um tempo atrás eu estava na calçada sentado, oferendo meus serviços. Ele passou por mim e me olhou com desprezo.

Aquilo fez eu me encolher.

Abaixei a cabeça na esperança de não o encarar uma segunda vez. Ele deve sentir raiva do pai dele ter se deitado com uma empregada. E ela ter gerado um bastardo fora do casamento da sua família.

Meu coração se apertou.

Não sabia se era de raiva ou tristeza. De repente, caiu em cima das minhas pernas uma nota de cem dólares. Arregalei os olhos. Foi a primeira vez que vi tanto dinheiro.

A Dama e o VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora