"Já fez suas malas" Perguntou Sina, passando a mão pelo cabelo.Eu suspirei forte e me deitei em seu colo, olhei para ele com os olhos molhados.
"Já, viajarei amanhã."
O vento soprava e arrastava folhas e flores caídas pelo chão, aquela tarde era a mais bela que já havia presenciado, o céu estrelado, a grama molhada, as árvores balançando, e o rosto de Sina, o garoto que eu tanto amava.
Eu gostava de olhar pra ele como os sonhadores olham para a Lua. Gostava de toca-lo e de senti-lo com minhas mãos. Espia-lo se vestir e despi-lo com selvageria. Beija-lo sempre como se fosse a primeira vez."Eu sei que irá partir pela manhã, e eu prometo que estará em casa antes do amanhecer, mas por agora, se não for pedir muito, por favor, fica?"
Passei a mão pelo seu rosto, deitamos no gramado, peguei em suas mãos gélidas. Nos beijamos.
"O que vai acontecer com a gente?" Questionou "Quando você não estiver mais aqui?"
Sina, Nome que se origina do substantivo, é o sinônimo de destino, fado, ou sorte. E eu me sentia horrível por estar indo embora, e por estar me distanciando daquele que de alguma forma, deu sentido à aquilo tudo. Me sentia péssimo por partir e deixar "meu destino" para trás.
"Eu não sei, e não sei se quero pensar no amanhã, eu estou aqui agora e você me tem ao teu lado, bem aqui." É o que eu respondi.
Ele me abraça com força e eu apenas o abracei também, e não ousei solta-lo até que ele o fizesse. Os abraços dele não costumavam ser grande coisa, apenas quando tinha um bom motivo para serem, duravam pouco e mal me marcavam, já este, nunca consegui esquecer, acredito ser o abraço mais longo que já recebi, um carinho que hoje me faz falta.
"Eu não quero desaparecer."
Essa foi a última frase que disse para ele, antes de partir daquela cidadezinha. E eu até hoje não sei bem o que quis dizer naquele momento. Talvez, eu não quisesse desaparecer da vida dele, dos sonhos dele, da mente dele, não queria ser esquecido ou deixado de lado. Mas agora, isso não importa mais.
Já fazem três anos que não o vejo, três anos que não o beijo, três anos que não pego em sua mão. E hoje, tenho o triste pensamento que, "meu destino" seja essa solidão e esse vazio que tenho sentido noite após noite.
A saudade que sinto dele é minha Sina.
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Espere pelo final feliz
Short StoryNesse livro você encontrará uma série de histórias de amor, algumas que infelizmente não deram certo.