Capítulo 4

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Meu corpo suava e minha respiração estava ofegante enquanto eu corria, corria o quanto minhas pernas aguentaram antes de despencar no chão daquela floresta.

O corte na minha coxa foi fundo, eu podia ver a carne viva esbranquiçada coberto pelo meu sangue, um grito alto quase como um rugido veio logo atrás de mim fazendo eu ficar de pé em poucos segundos, as solas dos meus pés doiam pela quantidade de galhos que se quebram com os meus passos, me ponho para correr. Não, eu não faço ideia de para onde eu estava indo ou onde iria chegar.

"Boo." Algo colide meu corpo me derrubando no chão de novo, mas desta vez, essa coisa prende meus braços e minhas pernas, fecho meus olhos e sinto os mesmos arderem pelas lagrimas grossas que caiam e pelo medo e adrenalina.

"Vá embora logo, doce criança, não me obrigue a te machucar, seria uma pena estragar um rosto tão bonito."

A voz grossa me fez tremer e tentar me soltar, grito por Joalin quando sinto meus pulsos serem apertados por aquele vulto, grito mais alto e ouço a voz de Joalin no fundo me chamando desesperadamente mas eu não conseguia acordar, sabia que não podia, não ainda.

"Quem é você!?" Grito desesperada e apenas recebo uma risada maligna em troca.

"Minha doce criança, sabe onde você está?"

A criatura sumiu deixando uma poeira negra flutuando, não tive tempo de raciocinar nada pois comecei a afundar cada vez mais na terra até entrar totalmente dentro, assim que pisco de novo eu caio do teto até o chão de uma casa, cada músculo do meu corpo doía mas eu não tinha tempo para isso.
Eu conheço essa casa.

Essa é a casa da minha mãe.
Uma mini Any entra correndo no cômodo onde eu estava carregando um jogo de baixo do braço, ela colocava em cima da mesa e pude perceber o que estava acontecendo. Estava escrito  OUIJA em letras verde escuro na caixa do jogo, sento na mesa junto dela e em pouco tempo tudo estava montado.

"Oi.. Sou eu de novo, eu preciso falar com você, a mamãe foi mal de novo."

Ela dizia em voz alta esperando uma resposta. Seguro em um tipo de triângulo que tinha em cima do tabuleiro mas antes que eu pudesse escrever qualquer coisa o cenário já tinha mudado de novo e desta vez eu estava no lugar da pequena Any, o triângulos começava a se mexer desesperado mas eu não conseguia sair daquela cadeira.

B-E-M V-I-N-D-A  A-O  S-E-U I-N-F-E-R-N-O P-E-S-S-O-A-L.

"ANY."

Abro os olhos em desespero e encaro a parede do meu quarto, iluminado apenas pela luz que adentrava na janela, Joalin entra pela porta.

"Any, eu to aqui, você me chamou?

"Joalin?"

Olho para a mesma do meu lado e me jogo em cima dela, a abraçando com força chorando desesperadamente.
Depois de me acalmar e me fazer cafune durante alguns minutos, ela me olhou como se esperasse uma explicação, conto pra ela meu sonho e logo depois ela suspira e fecha os olhos com força, doi muito ver ela nesse estado, ela esteve do meu lado todos esses anos, me aguentando e me ajudando, mas eu sinto que isso vai mudar e eu vou melhorar.
Eu espero muito que sim.

(...)

P.O.V Sofya

Ando apressada com meus saltos negros, o baque no chão daquele predio velho podia ser ouvido de longe, meu olhar prepotente encarava as criaturas desse lugar, sim, criaturas, pois não passam disso.

Desacelero quando escuto o barulho de algo caindo no chão, me aproximo da escada e vejo duas sombras no final dela, Josh. Quando me aproximo mais consigo ver o corpo de Heyoon tenso e Josh a observando, o garoto estava tão concentrado que se quer notou minha presença ali.

''... Você não tem escolha Heyoon, ja entendeu que não pode se impor contra mim?"

''Você não vai leva-la! Você que está fazendo isso não é, Josh!? Fazendo ela achar que está enlouquecendo, bem, advinhe, eu não vou deixar você fazer isso com ela.''

''E o que vai fazer?'' ele riu sarcástico e a olhou como se ela não fosse nada. ''Ela vai embora daqui,nem que eu tenha que matar Joalin pra isso.''

Em um movimento rapido, Heyoon agarra o pescoço de Josh com suas garras, o fazendo sangrar, ele sorri, e morde o labio.

''O que vai fazer, garotinha? Me matar?'' os dedos dele se mexem e Heyoon grita de dor e cai de joelhos ''Não esqueça que eu matei você, se lembra como?''

Ele pega seu cabelo e puxa pra trás, passando os dedos pelo seu pescoço ate chegar na altura do umbigo, de repente sua mão fecha e um grito desesperado sai da garganta da garota mais nova, caindo no chão chorando alto.

Um sorriso tomou o lugar nos labios de Josh, ele sussura algo no ouvido de Heyoon e some. Não posso ajudar ela, não agora.

Volto a fazer meu caminho como se eu não tivesse visto nada, bato na porta do apartamento de Joalin e uma Any sorridente abre a porta.

''Sofy!''

''Hey, pequena!''

''Entra, Joalin volta daqui a pouco''

''Na verdade eu tenho que ir ja, eu vim falar com você''

''Comigo?''

''Any, eu sei que coisas aconteceram ultimamente, e eu sei que acha que você está piorando, mas a verdade é que as coisas são reais, demônios existem, e nada acontece por acaso, acredite em si mesmo e vai ajudar mais pessoas do que imagina.''

A cara de confusa dela quebrava meu coração, eu não tinha muito tempo ali, eu sabia que não, seguro a cabeça de Any e deixo um beijo na testa dela, Deus não tem poder aqui, mas você tem.

''Eu te amo, Any.''

''Sofy, espera.''

Saio apressada, eu sabia, eu tinha que saber, assim que desço um degrau o som de algo se abrindo me fez travar, meu corpo tremeu dos pés a cabeça, meus olhos se fecharam e minha respiração ficou pesada.

''Ninguém te ensinou que é feio ouvir a conversa dos outros?''

Rio ironica e olho aquele ser de olhos cinzas sem medo, pela Any.

''Ninguém te ensinou que deve pegar alguem do seu tamanho?"

Um rosnado baixo veio junto com seu corpo em minha direção, ele agarra meu pescoço e me levanta do chão

''Olha como fala comigo garotinha, seu Deus não tem poder aqui.'' Agarro seu braço e torço ele, ficando por cima das suas costas, fazendo o mesmo ficar de joelhos.

''Ele não, mas eu tenho, aprenda a escolher suas lutas, Josh''

Outro rosnado.
Ele desaparece das minhas mãos e eu arrumo minha postura olhando ao redor, sussuros, muitos sussurros, era tudo que eu escutava, as luzes se apagaram, meu corpo treme mais uma vez antes de eu rolar o mesmo para o lado, escutando um estrondo na parede.

''Sinto muito por isso, garota, ja está na hora de tirar o lixo das ruas."

Apartamento 25 (Versão Heyany) Onde histórias criam vida. Descubra agora