Eclipse
Eclipse: sinal de que, mesmo na súbita escuridão, a luz sempre há de retornar…
…
Na agridoce Seoul— reduzida a álcool, com açúcar e molho shoyu e um pouquinho de acidez— meu estômago dançava faminto, enquanto eu apenas queria relaxar e dormir na minha cama e em meu quarto escuro com apenas a iluminação da lua que transparecia pela grande janela de vidro do quarto. Amanhã poderia ser um belo ou um péssimo dia, contudo eu não saberia se não vivesse até lá. O mais hilário de toda a minha insônia—a vagabunda que tirava meu sono— era que eu amanhecia, como o sol; com o sol, e dormia como a lua; com a lua.
Em uma doce-amarga Seoul, onde os raios de sol chegavam sufocando-nos, pedindo— pedindo não, obrigando— a nos acordar e trabalhar para a sociedade e governo que não se esforçavam nem um pouco para não cuspir e desdenhar de nossos pobres rostos, cansados de gente que realmente faz algo nesse país estúpido que abriga amor e lembranças felizes em poucas casas. Pobres trabalhadores e estudantes cansados e desmiolados que muitas das vezes ao menos tem o que comer, e eu sou uma dessas pessoas.
Kim Daniel, meu garoto amarelo do coração de ouro, o tal príncipe da lua que na noite passada me mostrou o que queria realmente com esse saco vazio. Como crianças que fazem pipas, elas a melhoram e as fazem voar, e em algum tempo elas irão quebrar novamente, mas não precisamos nos preocupar agora, não vamos sofrer antecipadamente, acima de tudo iremos viver e crescer. Vamos aproveitar o vento da manhã e voar para longe, e quando quebrarmos, quebramos, e tudo bem, todos quebram. Não somos feitos de ferro, na verdade pelo contrário, somos feitos de papel, o mais frágil dos papéis, mas que corta, como cerra, pior que faca.
Costumo dizer que somos como Lispector e Bukowski, porém uma versão barata de intelecto e cultura. Um colar de diamantes falso que se esforçar para não quebrar. Aonde eu quero chegar? Eu não faço a mínima ideia, não me pergunte. Eu só sei que amo hoje, amo com um pouco de gentileza e veracidade, mas amo. E quem achar meu amor pouco, ou achar gentil demais, talvez veroz demais, não é de meu interesse. Estou cansada e só quero sentir, não ligo para as consequências.
Pela manhã quero sair de casa com um copo de café, ir a faculdade e aprender o máximo que eu possa usar no futuro, e quando eu sair irei encontrar o doce da vida, eu irei amar e ser amada, então, para todas as almas penosas que lêem isso chorando, ou que lêem isso em busca de algo, em busca da sua liberdade ou de ser liberto; se ame, ame e viva. Podem parecer palavras simples e vazias, não os direi que não são, mas quando entenderes o verdadeiro significado delas, pode pensar que talvez você tenha algo e isso valerá, não se consuma, apenas sinta. E caso busquem por algo aqui, me desculpe, eu não tenho muito a oferecer.
Isso era o que restava dá pouca luz daqui;
O sol chegava a um fio de meus olhos que permaneciam abertos, arroxeados e vermelhos por causa da noite mal-dormida. Eu espremi meu corpo e bocejei, pensei no banho quente que iria tomar e depois no poema que minha vida estava se tornando, poema sem vinho. Péssima. Meu celular tocou e um rosto brilhava na tela trincada, Daniel Kim. Garoto amarelo. Filho da lua. Eu não atendi, por vez decidi ignorá-lo, era cedo e eu precisava me concentrar nas minhas atividades matinais, um pensamento novamente egoísta. Ah! Vamos ser absolutamente sinceros, todos nós já sabemos o quão ignorante e egoísta eu sou, vamos nos poupar de "mi-mi-mis" e formas de suavizar a culpa que eu pouco me importo em sentir.
Passei aquela manhã pensando em um certo alguém, estudando e pensando em como 1+1 podia ser igual a dois. Como minha vida andava desequilibrada e como eu arrumei um ótimo tempo para me apaixonar. Na mesma manhã Daniel ligou dez vezes, e naquele ponto ele já estaria me odiando e me xingando de todas as pragas possíveis.
— Alô.. — Meu olhos passaram pela placa de algoritmos de minha porta e depois de aberta, para a suculenta que vivia perto do armário que eu guardava os calçados e verifiquei se com ela estava tudo bem. — Acho que você esqueceu que eu estou esperando aqui, não é? — Ele pareceu tão sonolento como antes. — Por que você parece tão desinteressada ultimamente? — Entrei no meu "doce-lar" e fui direto ao banheiro purificar meu corpo cansado. — Trabalho, eu diria. Mas.. me diga, onde está me esperando? — Ele riu e fez silêncio para eu ouvir algo, e então eu entendi. — Tá bem, eu estou indo. — Ele riu novamente, estava cansado. Eu também. — Me desculpe te ignorar. — eu disse. Eu fui sincera.
Ouvi seu suspiro pesado através do alto-falante do celular. Não era apenas eu quem sofria, não era só difícil para mim, e eu me xinguei por ter me acostumado tanto a ser sempre egoísta e narcisista. Eu era má e problemática. Me desculpe garoto.— Não se desculpe por ser você, mas quero que tente comigo. Te prometi não exigir demais de você, mas preciso saber o que você sente e como é ser você. Preciso que me diga se gosta de sorvete de chocolate com menta ou se gosta só de sorvete de menta. Se você não está bem hoje, me deixe ir aí e não se afaste como um gato arisco. Você não precisa fugir do mundo, não comigo. E eu também sinto muito.
Talvez não precise, de verdade, mas o mundo é feito para amendrotar, e fugir e eu escolhi da forma mais covarde a fuga.
— De menta.
— O quê?
— Gosto de sorvete só de menta.
Daniel não estava atrás da porta com uma caixa de chocolates ou um buquê de flores, ou talvez algum sorvete, como filmes da Netflix e eu sinceramente nem botava tanta fé naquilo tudo, e eu nem gostava de chocolate, e nada de flores ou rosas vermelhas, minhas favoritas sempre foram margaridas, girassóis e rosas brancas, e eu não queria ganhar nada daquilo.
O tempo é precioso demais para você se prender as mesmices da vida e os costumes de errar e ser babaca sempre, mas o tempo pode te dar uma chance, essa chance.
(…)
Sua péssima contribuinte para a literatura-barateada-iniciante-e-péssima está de volta, em uma carta aberta, para quaisquer um ler;
Feliz ano novo e natal, e, que não sejamos forçados a lidar com nossas emoções mais uma vez.
Eu estava ouvindo 'Problema Meu' de Clarice Falcão e me senti na liberdade de escrever isto:
Ouvindo pude sentir o aconchego de palavras estupidamente engraçadas e perfeitas, com uma mensagem imoral que na verdade dá sentido á sobrevivência. É real. Jovens, idosos e a quem estiver lendo.. sou tão jovem.. mal podem saber, e obviamente eu não contaria, porque o mistério é sexy! E como diria uma playlist que eu faço uso: "cleaning ma room bc im a hot mess".Essa estória tem um caminho traçado, e sinceramente, é provável que eu me arrisque e me perca, e me arrependa depois, mas se eu não tentar não vou ter certeza do meu arrependimento e se nem isso tiver, não seria humana. Quero publicar sem hora marcada, fazer vocês sentirem cada palavra saindo diretamente da minha boca e me conhecerem através delas porque as palavras são as únicas e reais tradições culturais até hoje conjugadas. Clarice Lispector me mostrou a ser um pouco menos egoísta e narcisista e perceber que não sou eu que mando nelas, nem eu, nem você e nem ninguém, ELAS SÃO LIVRES! Porém, Clarice Falcão as transmite como as quer, portanto, me mostrou que as deixemos pairar sob nossos lábios de forma elegante o bastante para recitar as mais imorais palavras e engraçadas de dar dor de barriga. Não tenha dó, piedade ou vergonha de as fazer parte de você.
Como
É
Que
Eu
Vou
Dizer
Que
Acabou?
...PS: me desculpem por fazerem esperar tanto, amo vocês,
xoxo.[!!]
© Caso queiram saber mais sobre eclipses e dando crédito a primeira frase do capítulo, vejam a matéria sobre o eclipse da Personare.
não esqueçam do favorito. <3
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The Lunar System
FanfictionEles se apaixonaram em uma noite nublada. Sem estrelas, sem lua; como se a lua estivesse saindo para passear, e talvez encontrar seu sol, mas será que ela gostaria de ser seu sol? Você gostaria de participar do sistema lunar dele? (playlist na bio) ...