Separados pelo tempo-Repostando

Segredos enterrados

P.O.V. Tristan.

Quando a casa toda finalmente adormeceu, o dia já raiava. É era agora ou nunca.

Meu pai tinha uma predileção por passagens secretas, ele tinha verdadeira adoração por elas. Quando criança eu me desafiei a encontrar toda e cada uma delas. E a Mansão Gray tem muitas. Que dão em muitos lugares diferentes. Uma em particular que fica no meu aposento e só pode ser aberta através de uma estátua de mármore cuja cabeça se move para a esquerda. Abri a passagem e caminhei pelos corredores escuros que eram iluminados apenas pela chama da vela que eu segurava. Vi um rato passar por mim, haviam teias de aranha nas paredes, ninguém esteve aqui há muito tempo.

É um bom sinal.

Família é a única riqueza verdadeira, era o que meu pai sempre costumava dizer, entretanto ele jamais se opôs aos outros tipos. Com a graça de Deus, no final do túnel, na sala que ainda estava trancada e para a qual eu e somente eu tenho a chave pendurada no pescoço estava o tesouro escondido da Família Gray. Obras de arte de valor inestimável, pedras preciosas, gemas, rubis, safiras, joias, um baú cheio de moedas de ouro. Candelabros de prata, colares de pérolas.

Será mais do que o suficiente para prover para mim e minha irmã todo o luxo e conforto que possamos precisar. Para comprar o mais belo traje de baile para Isabel e um novo terno para mim mesmo. Enchi os bolsos com as moedas e voltei para o andar de cima.

P.O.V. Sophie.

Tem algo sobre o Tristan que não se encaixa. Conheço ele, o rosto dele. Já vi o rosto dele antes, mas eu não consigo me lembrar onde. Então decidi procurar no Google. Lorde Tristan Gray e imagine a minha cara quando o resultado apareceu. A imagem de um retrato e pelo amor de Deus, o Tristan Grey do retrato e o Tristan que apareceu na minha casa são cara dum focinho do outro. Havia um artigo sobre ele.

-Lorde Tristan Grey, filho primogênito de Lorde Edward Gray e Lady Carmen Gray. Irmão de Lady Isabel Grey. Nascido dia 10 de novembro de... 1844?!

Então eu me lembrei. Me lembrei exatamente onde eu havia visto o rosto dele antes. Quando nos mudamos, toda a mobília, os objetos de decoração vieram com a casa. Nós tiramos alguns dos quadros das paredes, colocamos no porão. Para desocupar o espaço. Sendo assim,  mesmo morrendo de medo e encasquetada com toda aquela semelhança entre o Tristan Gray que apareceu na minha casa ontem e o homem pintado no quadro, eu peguei uma lanterna, daquelas bem grandes, amarelas de fazer trilha e desci até o porão.

-Sophie? Ei, Sophie onde você vai?- Perguntou a Mia.

-Vou ao porão.- Respondi.

Eu desci, encarei a porta vermelha de madeira com pintura desgastada e abri-a. E aquelas escadas que davam para a escuridão se estendiam diante de mim. Liguei a lanterna, respirei fundo e comecei a descer.

O porão era cheio de poeira e tranqueiras, velharias que a família Gray acumulou. Vários baús, eu abri os baús cheios de vestidos antigos, num manequim sem cabeça tinha um vestido de noiva vitoriano cheio de saias bufantes. Comecei a procurar no meio de todas aquelas tranqueiras até que eu encontrei. O quadro estava coberto por um pano velho cheio de poeira, era branco, mas agora está amarelado e preto. Puxei o pano e tossi porque levantou poeira que entrou no meu nariz, eu até espirrei. Mas, quando vi a pessoa pintada naquele quadro eu quase caí dura.

-Mas que... merda.- Falei sem acreditar naquilo.

Eu não sou crédula. Não sou crédula. Não existe esse negócio de magia, misticismo, menos ainda imortalidade. Tem que haver algum tipo de explicação razoável e racional para esta situação. Tirei uma foto do quadro com o meu celular. Vou encontrar uma explicação para isso. Então, cobri o quadro pintado á tinta óleo e subi as escadas de volta ao andar de cima. Abri meu computador e procurei. Reencarnação. Não saiu nada que prestasse. Então, como uma boa fã de The Vampire Diaries eu me lembrei do fenômeno sobrenatural.