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ALGUNS DIAS DEPOIS, longe de casa, a mãe de Lizzie saía do trabalho quando um carro parou bem na sua frente.

— Oi, Bridget. — O homem dentro do veículo a cumprimentou. — Eu preciso falar com você. Uma coisa muito importante.

A mulher ficou nervosa diante dessas palavras e entrou no carro, permitindo que ele a levasse para onde fosse. Depois de alguns minutos, ele parou perto da praia, em uma parte vazia.

— Por favor, fale logo. Está começando a me deixar preocupada. — Ela pediu e ele balançou a cabeça, saindo do carro. Ela o seguiu.

— Sabe que eu gosto muito de você e da sua família, não sabe, Bridget?

— Claro que sim, nós adoramos vocês também.

Ele balançou a cabeça e enfiou as mãos no bolso da calça, ainda de frente para o mar.

— E é por isso que eu tomei a decisão de ir até a polícia.

— Policia? Aconteceu algo? Fale de uma vez, homem!

— Fui à polícia para denunciar Lizzie, Bridget.

— Como assim? A minha Lizzie? O que ela fez? — A mulher deu um passo para trás, com medo da resposta.

— Ela matou o Richard.

— Isso é loucura! — Ela deu uma risada nervosa.

— Não, não é.

— E por que acha isso?

— Ela mesma me contou, Bridget.

— Não, isso não é possível.

— Posso repetir o que ela disse, se você quiser.

— Pois faça isso. E diga tudo com detalhes, Sam. — A mulher cruzou os braços e ele se virou para ela.

— Ela passou pela loja algumas vezes logo depois do acidente. Parecia perturbada e inquieta. Perguntei algumas vezes o que havia acontecido e ela não falava de jeito nenhum. Depois de um tempo, finalmente ela veio por vontade própria e me contou.

Preacher relembrava o dia em sua cabeça. A garota estava sentada nos fundos da loja, depois de fechada, e tinha um copo de água em mãos. Suas pernas se remexiam sem parar enquanto ela estava sentada no banco alto. Os olhos azuis enfim se direcionaram a ele.

— Eu exigi saber a verdade, Sam! Ele não podia continuar enganando a minha mãe daquele jeito, era errado!

— Do que você está falando, Lizzie?

— Meu pai! — Ela se levantou, deixando o copo vazio no banco. — Pedi para ele sair comigo, darmos uma volta. Fomos até Orlando para almoçar e fazer compras. No caminho de volta, eu o olhei, tomei coragem e perguntei. Ele só me olhou, Sam, só isso e eu percebi qual era a resposta. Ele começou a dar desculpas e quando eu vi, já tinha puxado o volante.

— Lizzie... — Ela chorava agora, o rosto estava vermelho e o engenheiro tinha dúvidas se era pelo choro ou pela raiva de suas palavras.

— O carro bateu em uma árvore, bem do lado que ele estava. Tive sorte de estar usando o cinto de segurança ou teria voado para fora do carro. — Ela passou a mão pelo rosto, enxugando as lágrimas com força. — Eu saí do carro e comecei a andar na direção do rio.

— Lizzie, você não disse isso para a polícia. — Sam balançou a cabeça.

— Eu não tive coragem de dizer! Eu poderia ter sido presa.

Ela andou de um lado para o outro algumas vezes até que se sentou no chão.

— Então você não perdeu a memória?

Indefensible (completa na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora