First love•×

[ 9 ]- You belong with me

|Katherine|

Estava saindo da turma de anatomia, era minha última aula de hoje. Minha cabeça doía pela exaustão e talvez pelas duas doses de uísque que tomei depois do café da manhã.

Vou me arrastando pelas escadas, respondendo cada pessoa que passava me cumprimentando. Sinto meu celular vibrar no bolso, mas não fiz questão de ver quem era.

Me aproximo do estacionamento, avistando de longe minha moto. Ouço alguém me chamar e até penso em ignorar, mas na segunda vez eu reconheço aquela voz.

"O que aconteceu?" Questiono, vendo ele se aproximar calmamente.
"Vai me deixar aqui sozinho? Pensei que quisesse ficar comigo" Diz em tom de brincadeira, mas aquilo me pareceu estranho.

"Você parecia ocupado, não quis atrapalhar" Deixei no ar um sorriso irônico, que expressava bem como eu me sentia naquele momento.

"Jura que você vai ficar irritada porquê ela me ajudou?" Dispara e eu só o encaro. "Não precisa ficar assim, vamos, quero ir para sua casa"

Eu pensei seriamente em voar nele e socar aquela cara de sonso, mas eu só cruzei meus braços. Eu não estava com raiva da menina que se jogou em cima dele, eu estava com raiva dele. O idiota age como se não fosse nada. O autocontrole que eu tenho as vezes me surpreende.

"Eu sequer estou irritada, só quero deitar na minha cama depois de um banho" Suspiro segurando meu capacete. "Vamos, vou chamar um uber"

Saio andando na frente, evitando qualquer contato com Ramón. Ele sabe o quanto me irrita tudo isso. Nós somos um casal, que não somos um casal. E não é por falta de perdidos! Eu já pedi ele em namoro duas vezes e tomei um não nas duas vezes. Sinceramente, tem dias que a vontade é deixar tudo pra trás e sumir. Mas eu não consigo, infelizmente.

"Me espera, eu ainda estou numa cadeira de rodas" Resmunga me trazendo pra minha realidade, eu o amava demais pra deixar ele para trás, mesmo ele merecendo.

Chamo o uber, que demorou cerca de cinco minutos pra chegar. O motorista foi bastante gentil, me deixando mais tranquila no caminho. Sinto minha mão ser puxada com certo cuidado e Ramón entrelaça nossos dedos. Tento não reparar nisso e fingir que não me importo, mas os pequenos gestos já me deixa sem rumo.

Chegamos na minha casa e como Ramón já a conhecia, não precisei me preocupar em ajudar. Também poderia pedir a amiguinha dele, dava no mesmo pra mim.

Jogada na minha cama com a mesma roupa que eu cheguei, encarando o teto, sentindo meu peito doer num misto de irritação e tranquilidade por ele estar aqui. Sinto a cama pesar quando ele se joga da cadeira de rodas e se senta.

"Achei que iria ficar feliz comigo aqui, mas faz tempo que eu não sei o que é te ver feliz" Dispara, me fazendo prestar atenção nele.

Eu tentei argumentar, pensar em algo pra rebater, mas essa era a verdade. Eu amava tanto, que pensar nele doía. Vivia pensando se ele estaria aqui pra mim no dia seguinte, se ele ainda gosta de mim como antes, porque ele se afasta sempre que eu me aproximo. Ele era minha alegria, mas agora também conseguia ser minha tristeza.

"Por que diabos eu não consigo deixar de amar você?!" Foi tudo que eu consegui dizer antes de começar a chorar copiosamente. Doía tanto. Eu lutei tanto pra tirar ele da minha cabeça e do meu peito, mas eu só conseguia me afundar ainda mais. Eu era dependente dele e eu sabia que uma hora isso ia ser a minha destruição. Juro que eu queria ter forças pra fazer isso parar, mas eu sou fraca.