Cap. 6 - Aparentemente tudo normal

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You can't wake up, this is not a dream

Você não pode acordar, isso não é um sonho

Gasoline - Halsey

O despertador toca e me levanto rapidamente o que acaba me causando uma forte tontura. Quando me recupero começo a me arrumar para a escola. Visto uma calça jeans e a camisa do uniforme, nem tento arrumar meu cabelo, vai ir assim mesmo.

Quando chego na cozinha todos já estão lá, me sento e tomo apenas um leite com Toddy - e açúcar é claro -, estou sem vontade de comer.

- Acho que tem alguma coisa morando na sua cabeça - diz meu queridíssimo primo diz tentando não rir e para ajudar o Gustavo também esta rindo descaradamente.

- Fiquem quietos - minha tia diz dando um tapa na cabeça de cada um - Você esta linda minha flor. Agora vão logo antes que se atrasem.

(...)

As aulas se passam lentamente, por incrível que pareça estou falando com algumas pessoas que estão perto de mim, na verdade eu cheguei neles pedindo resposta para as perguntas que a professora de Física havia passado.

E assim comecei a falar com: Rafaela, Vitória, Pedro e Henrique

Quando chegou na hora do intervalo, eles me chamaram para me sentar na mesa deles aonde tinha mais algumas pessoas que não dei muita atenção, minha cabeça estava doendo como nunca. Com o tempo, devo ter transparecido alguma coisa pois começaram a perguntar se eu estava bem.

Olho no relógio e vejo q faltam poucos minutos para que o intervalo acabe, decido ir ao banheiro para jogar uma água no rosto. Quando estou saindo acabo trombando com o Gustavo.

- Você esta bem?

-Estou sim, não precisa se preocupar.

Fico um tempo a mais no banheiro após o sinal bater.

Não sei se é pelo motivo de eu simplesmente não conseguir entender absolutamente nada do que a professora falava ou pela dor que eu estava sentindo, mas a hora simplesmente não passava.  

(...) 

Sinceramente não sei o que é pior, eu ter de ficar nesse ambiente que não é nada bom pra mim, ou ter de ficar ouvindo o sinto muito de todos, esse é um dos motivos de eu não querer que ninguém saiba. Todos tem dó da pobre 'criança' que após perder a mãe ainda descobre que tem câncer.

Após o Dr. Alves iniciar uma longa e entendiante conversa com a minha tia sobre a busca por um doador de medula óssea e como seria complicado encontrar um que seria totalmente compatível comigo e ainda corria o risco do meu corpo rejeitar o doador. Acabo dando uma escapada com a desculpa de que vou ao banheiro.

Estranhamente, hospitais são ao mesmo tempo um lugar feliz e triste. Milhares de pessoas entram por aquela porta com a esperança de uma cura, e outras milhares saem daqui para um cemitério.

Esse é o lugar aonde as pessoas têm falsas esperanças, mesmo sabendo disso ainda acreditam. Pois isso, ainda é melhor do que nada.

Tenho que parar de pensar nisso. Acabo percebendo que acabei me perdendo - que ótimo - continuo andando procurando o caminho até a área aonde estava.

Vejo algo que me corta o coração, eu definitivamente deveria ter perguntando a alguém, não sei lidar com isso, sou péssima lidando com sentimentos.

A minha frente se encontra a área para crianças com câncer. Definitivamente eu não deveria estar vendo isso, apesar de não quer ver isso, não consigo me mover para longe dali. Acabo emburrando a porta entrando ali.

Crianças sorriem abertamente para os palhaços que estão ali. Já ouvi falar de vários grupos de amigos que fazem isso, trazem o sorriso de volta ao rosto dessas crianças.

Continuo encarando por sei lá quanto tempo, por mais que me doe-se ver todos eles assim, não conseguia me mover. Ao fundo ouço um choro, olho para o canto da sala da aonde provém o som. Caminho até o local com certo receio, o que eu vou fazer?

Antes que possa me responder já estou abaixada ao lado da garotinha que esta encolhida no canto chorando, perguntando o que aconteceu. Assim que ela se vira acabo tomando um susto.

- Eu conheço você, Sophia não?!

- Sim, e você é a moça bonita que estava chorando no parque - diz ainda soluçando.

Fico com ela conversando sobre nada e tudo ao mesmo tempo até que eu recebo uma ligação da minha tia perguntando aonde eu me enfiei, digo aonde estou e que já vou encontrar ela. Me despeço da Sophia e digo que logo voltarei.

No caminho encontro um funcionário do hospital e pergunto para qual lado fica o consultório do Dr. Antônio. Quando chego ao local minha tia ela lá me esperando. E logo vamos embora.

Belo DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora