O Anonimato

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Agradeço imensamente ao meu amor Jake_Emma por ter feito essa linda capa!! Essa guria é simplesmente incrível :D 

Mais uma fanfic que só esta servindo, no momento claro, pra me tirar um pouco do mundo medieval da minha outra fanfic '-' ... Pois sinto que estou precisando desligar um pouquinho, então... Aqui esta ^-^


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Uma fina chuva caía sobre a grande cidade de Raccoon Pine naquele começo de manhã. As nuvens acinzentadas indicavam que aquela chuva logo cairia com força.

O vento gélido que soprava fazia as folhas das árvores em volta sacudirem levemente, trazendo algum som para aquele lugar tão silencioso, lar da solidão, da tristeza e da morte.

Um longo suspiro foi solto pela única pessoa que, aparentemente, se encontrava naquele cemitério naquela manhã.

Fechou ela seus olhos enquanto sentia mais uma vez o vento soprar, tocando sua pele clara e sacudindo seus cabelos de um tom rosado, levemente.

Abriu seus olhos lentamente, mantendo-se inexpressiva enquanto, mais uma vez, lia o que estava escrito naquela lápide.

'' Kizashi Haruno... Homem honrado''

— Honrado?... Eu teria escrito algo melhor, bem mais criativo - disse ela seriamente, colocando suas mãos nos bolsos do sobretudo da cor vinho escuro que usava, sem deixar de olhar para a lápide —... Eu... Eu não sei ao certo porque estou aqui pai... Acho que pelo fato de eu não ter vindo ao enterro... Peço perdão

Mordendo seu lábio levemente, Sakura abaixou sua cabeça enquanto respirava de maneira profunda.

'' Os mortos não ouvem minha filha... Quando seu coração para, sua vida para, sua existência para... Tudo para e acaba junto com você''

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Sakura ao se lembrar das palavras de seu pai e de seus ensinamentos. Ela levantou sua cabeça e olhou para a lápide, já de volta com seu rosto inexpressivo, ficando por longos minutos em silêncio.

—... Estou sendo aquilo que me ensinou a ser pai desde que eu era criança e principalmente agora... Já faz oito meses e cinco dias que estou liderando toda a organização, e posso lhe garantir que a família Haruno nunca foi tão temida quanto agora - disse ela de maneira fria, trincando os dentes com certa força — Irei transformar essa cidade, limparei ela, farei aquilo que o senhor nunca fez e nunca se preocupou em fazer... Raccoon Pine é minha agora, ninguém pode me impedir... Nem mesmo você

Sentiu as batidas de seu coração acelerar naquele momento, era sempre assim, não tinha havido um momento em sua vida que não sentiu seu coração reagir no momento em que sentia a raiva que tinha de seu pai. Era algo confuso demais para ela, o amava, isso era fato, mesmo com seus ensinamentos, até os mais rígidos e, sempre conseguindo alcançar aquilo que seu pai desejava para si, mesmo assim... Não conseguia deixar de amá-lo, ou talvez não queria tal coisa, já que , para ela, era a única coisa que a fazia se sentir normal, mais humana, o amor que tinha por ele, seu pai. Mas a raiva que tinha sobre o mesmo também era inevitável, e também não sabia o real motivo de tal sentimento que, por muitos anos, tentou oprimi-lo ou extingui-lo, mas nunca conseguiu, o que a frustrava internamente. Talvez sua mãe fosse o real motivo. Saber e ver o quanto aquela linda mulher deteriorou ao longo dos anos, seu corpo, sua mente, seu coração... Sua alma, estavam completamente destruídas e aguardava a tão finalmente morte em um lugar sem cor, sem sentimentos, sem nada além de pessoas a sua volta que não se importam com sua vida e nem mesmo com sua morte, cuidando o máximo que o dinheiro pode pagar até que seu coração pare de vez.

Ela fechou suas mãos em punho dentro de seus bolsos enquanto as lembranças boas de suas mãe, as poucas que ainda possuía, vinham em sua mente, fazendo a raiva dentro de si se intensificar e , naquele momento, decidiu deixar o amor pelo seu pai de lado, e jogar agora com a raiva, com o ódio, sabia que teria que ser assim sua vida de agora em diante, trocando sempre o amor pelo ódio, agindo de acordo com os dois sentimentos e o que estaria no controle de seu corpo e mente no momento, os únicos sentimentos que nunca conseguiu matar dentro de si, eram fortes demais mas, acreditava que podia controlá-los... Tinha que ter esse poder.

Se aproximando um pouco mais do túmulo de seu pai, Sakura franziu suas sobrancelhas levemente, enquanto trincava os seus dentes com mais força.

''Regra número um:... Nunca ame ninguém, todos querem seu mal, todos querem lhe ver sofrer... Odeie todos... Faça mal a todos... Mate todos'' - disse Sakura as mesmas palavras que ouviu tantas vezes seu pai dizê-las para si —... Inclusive o senhor, não é? Mas alguém chegou antes de mim, é uma pena... Mas não se preocupe, lhe matarei de outra maneira, destruirei seu legado... Depois de mim, ninguém se lembrará, ninguém se perguntará quem foi Kizashi... Não importa quantos tenha matado, não importa as maneiras sádicas que tenha feito isso... Eu serei muito melhor - com seus olhos levemente arregalados e com suas sobrancelhas franzidas, Sakura olhava para a lápide de seu pai, reprimindo a vontade de rir — Eu sempre fui muito criativa, o senhor sabe... Me ensinou muito bem, obrigada

Ela logo se afastou do túmulo de seu pai, voltando a ficar inexpressiva.

— Er... Com licença senhorita - disse um homem se aproximando com certa cautela, como se pudesse sentir a tensão que ali estava — Estamos prontos para exumar o senhor Kizashi

— Ótimo, faça isso rápido, depois inicie o processo de cremação... Queime o corpo ou o que tiver aí - disse ela seriamente

— Claro e mandaremos as cinzas para a senhorita - disse o homem com um pequeno sorriso gentil no rosto

— Para que me servirá um monte de poeira? - perguntou ela o encarando seriamente, dando meia volta e se distanciando do túmulo — Jogue em qualquer lugar

Sem olhar para trás ou hesitar por um momento que fosse, Sakura continuou a andar em direção a saída daquele cemitério que, a partir daquele momento, não teria mais nenhum motivo para visitá-lo.

Logo ela pode avistar os portões do cemitério, presos em muros altos de pedras, o que a fez apertar um pouco o passo.

Atravessando os portões ela andou em direção ao Rolls Royce de cor preta estacionado do outro lado da rua. Levou sua mão à porta abrindo-a e adentrando o carro em seguida, soltando um longo suspiro enquanto fechava a porta e sentia o estofado macio.

Olhou para frente, vendo que Kakashi, sentado no banco do motorista, a olhava com atenção pelo espelho do retrovisor interior.

— Como a senhorita está se sentindo? - perguntou ele de maneira séria, sem deixar de encarar aqueles olhos verdes

— Aliviada - ela o respondeu com a mesma seriedade —... Se soubesse que me sentiria assim teria feito isso no dia do enterro

— Creio que não poderia, senhorita , já que não podia se revelar naquele momen...

— Não posso me revelar nem mesmo agora, Kakashi - disse ela o interrompendo

—... São as regras, senhorita - respondeu ele desviando o olhar, passando a olhar para a rua a sua frente

— Regras? Elas são apenas impostas para aqueles que possuem esses olhos, sabe disso - disse ela — ... Eu passei a minha infância e adolescência inteira aprendendo sobre elas e as praticando com perfeição... Mas me dei conta que meu pai não seguia muitas delas

— Ele seguia , senhorita, quando seu avô era vivo ele seguia fielmente mas... Quando o senhor Kazama morreu e o senhor Kizashi assumiu os negócios, ele pode fazer tudo do seu jeito... Assim como a senhorita agora - disse Kakashi voltando a olhá-la pelo retrovisor — Pode se revelar agora, se mostrar para seus subordinados... Eles querem muito isso

— Então eles ficaram querendo... Não cometerei o mesmo erro que meu pai... Ele gostava de se mostrar, de mostrar seu poder, suas riquezas... Não vou fazer isso, ficarei nas sombras onde é meu lugar, onde eu aprendi a amar - disse Sakura olhando para os portões do cemitério pela janela do carro, os vendo fechados agora — O anonimato sempre combinou muito bem comigo

Um leve sorriso surgiu nos lábios da Haruno enquanto pensava em cada um dos planos que tinha para Raccoon Pine, em seus processos e finalizações.

— Será nas sombras que eu farei Raccoon Pine um lugar melhor... Você verá Kakashi

— Tenho certeza que sim - disse ele confiante, dando a partida — Está na hora, senhorita

— Ótimo, vamos resolver isso de uma vez , já está mais do que na hora

Assentindo levemente, Kakashi voltou a prestar atenção da rua a sua frente, acelerando, saindo daquele lugar, indo em direção ao encontro.

A DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora