Estrela perdida em Vênus

Prólogo

    Cursar literatura me pareceu uma ideia fantástica há um ano. Porém, há um ano não temos ideia de como será daqui a um ano e nem temos um fio de certeza de que tudo sairá devidamente como planejamos. Nossos planos na maioria das vezes são totalmente em vão.

    Não sou de me apegar muito a coisas, a nada, para ser sincera. Mas o sonho em que todos falavam querer viver para alcançar não fazia muito sentido para mim, até eu aprender a adorar a literatura. Não foi muito difícil, mas eu já gostei de diversas coisas, minha mãe sempre me cobrou muita coisa desde que começaram a nascer pelos em minhas axilas. Agora que completo 18 mês que vem, ela decidiu que tem que me cobrar mais do que nunca e chegou até ser cansativo. Já forcei gostar de biologia e gastronomia, advocacia e engenharia, pedagogia e psicologia, mas nada me trouxe uma explosão de sentimentos ao me imaginar formada em uma dessas áreas. Minha mãe sempre me disse que eu nunca precisaria me matar de estudar para entrar em alguma faculdade, porque ela pagaria, não importa qual seja! Desde que eu decida fazer algo útil na minha vida.

    No meu primeiro dia na faculdade tudo mudou, de repente, de uma hora para outra, o seu mundo desmorona na sua frente e não há nada que você possa fazer para impedir ou até mesmo para mudar o que provocou isso. Na maioria das vezes você vê o seu jardim murchar na sua frente, depois de anos de cultivo, dedicação e a única coisa que você pode fazer é ver a coisa toda acontecer, ou melhor, ver a coisa toda se desfazer.

    Na manhã do meu primeiro dia de faculdade eu conheci ele. Se eu tivesse obedecido meus instintos e não entrasse naquela maldita cafeteria… eu não teria conhecido ele, não teria metade dos problemas que tenho hoje, e também não teria comprado meu café com rosquinhas, mas muitas das coisas poderiam ser evitadas. Mas infelizmente ou felizmente eu não tenho o bendito dom de voltar no tempo; e então, tive que ver a coisa toda acontecendo na minha frente, não só com as mãos atadas, mas com meu corpo todo também.

    Depois de alguns anos do meu primeiro dia de faculdade, nós dois estávamos envolvidos demais para certas coisas morrerem do dia para a noite. Meus pensamentos iam tornando-se pior, e a minha mente que tinha como real função de me ajudar, para ao menos me dar uma hipótese de encontrar uma saída, era o que mais me atrapalhava e a cada segundo que passava, ficava mais e mais agonizante pensar; até para mim, que sou vista como uma alma fria sem sentimento por todos.

    Mesmo que tenham passado anos após aquele dia, eu ainda penso que o melhor para mim, seria nunca ter conhecido ele, em outras palavras, nunca ter entrado naquela cafeteria, naquele dia e naquela manhã. Se eu tivesse 99 problemas, 98 deles seriam resolvidos apenas com isso. Não ter entrado lá, naquela (dia) e em nenhum outro.