GETAWAY CAR - Payton Moormeier (Concluído)

015 | Gorgeous.

'reputation', track 11; "gorgeous".

BONNIE JONES
(15 dias para o ano novo).

A minha relação com Payton vem ficando mais estranha a cada dia que passa. Na verdade, ele está estranho comigo desde que nós voltamos de viagem, e sinceramente, eu não sei o motivo. Pensei em inúmeras possibilidades mas nenhuma delas faz realmente sentido.

E então eu o chamei para sair, para que ele pudesse se divertir um pouco e desestressar quaisquer coisa que esteja atrapalhando a sua mente agora. Pequeno spoiler: Péssima ideia.

A música country estourava em meu ouvido e eu já estava começando à ficar nervosa. O bar no centro de Nashville sempre foi muito cheio, principalmente nos finais de semana. Afinal, todos queriam se beber e se divertir um pouco com os amigos em seus curtos dias de folga.

E Payton virava a sua vigésima taça de Uísque com gelo, enquanto eu por minha vez, ainda estava completamente sóbria. E permaneceria daquele jeito até o final.

— Meu Deus, você é tão linda que doí. Eu te odeio, sabia? — Payton se desencostou da mesa e me encarou por longos segundos.

— É, você também é bonitinho. — eu sorri, logo após virar o meu primeiro copo de bebida da noite. Moormeier soltou uma risada fraca, se aproximando mais.

— Bonitinho. — ele repetiu o que eu havia acabado de dizer, debochando do meu jeito de falar. Eu o encarei incrédula, o que o fez rir mais. — Você tem namorado?

— Tenho sim. — e então a feição maliciosa em seu rosto foi embora de imediato. — Ele está na boate, fazendo sei lá o quê.

— É sério? — perguntou ele, claramente desapontado.

— Seríssimo. Ele é até que é um pouco parecido com você, sabe? Magro, cabelo claro, e um pouco alto. Até o jeito de falar é parecido!

— Você gosta mesmo dele? — as mãos do garoto foram até suas bochechas rosadas.

— Eu amo ele. — eu sorri. Era estranho que apenas por conta do álcool, nem o meu próprio namorado se lembrava de mim. — Mas não liga não, algum dia você vai achar alguém especial também, pode ter certeza.

— Ah, valeu. — Payton se levantou do banco num passe. Tentou ajeitar a blusa, que até então se encontrava praticamente fora de seu corpo. — Se ele se parece comigo, então aposto que você 'tá com sorte. — o garoto soltou uma piscadela para mim, o que me fez rir mais daquela situação.

— Claro que estou. — eu puxei seu braço até a saída do bar e observei pela porta transparente pingos caindo a todo instante. — Ah, legal. 'Tá chovendo. — murmurei.

— Você não vai pagar a conta? — a voz de Payton saiu lenta e relaxada, enquanto seu corpo quase perdia todo o equilíbrio.

— Não precisa. — ele riu. Eu rapidamente abri a porta do carro para que não nos molhássemos mais.

O silêncio inundou aquele carro, assim como os cartazes com nossos rostos inundavam as ruas de Nashville. A energia que até certo ponto chegava ser prazerosa, passou a ficar inexplicavelmente estranha. Não ruim. Apenas estranha.

Parecia que aquela seria a nossa última noite juntos.

E eu poderia ter colocado no rádio a nossa música favorita. Mas não. Eu fiquei ali parada, sem acelerar o carro, sem nem ao menos ligá-lo. Payton estava muito bêbado e tonto para raciocinar alguma coisa afinal.

— Bonnie? — ele me chamou, enquanto o carro  se manteve parado e nós nos encarávamos como se algo ali estivesse muito errado ou muito certo.

— Oi.

— Eu posso sentir raiva de você, te odiar por momentos, mas eu prometo que vou te amar até a última batida do meu coração. Vou te amar como se não houvesse amanhã. Você é a razão da minha vida, Jones. Nunca duvide disso.

Por míseros segundos, eu estranhei toda aquela declaração gratuita e aleatória. E hoje sinto que essas foram as mais bonitas e reais palavras que alguém já falara em toda minha vida.

Mas nós éramos dois jovens tolos e estúpidos demais. E no final, só agimos por impulso.