Acordei com a luz do sol batendo no meu rosto. Droga, esqueci da cortina.
Olhei para o despertador. 10:37.
Depois de voltar para casa com as compras do mercado de ontem, eu, minha mãe e Matthew ficamos até tarde arrumando a casa nova.
Consegui tirar uma boa parte do cansaço acumulado, pelo menos. Ninguém merece chegar de quase seis horas de viagem e ainda arrumar toda a casa. Só minha mãe mesmo.
Espreguicei e levantei da cama para tomar um banho. Hoje ainda era sábado, e as aulas começariam logo na segunda.
Eu ainda não havia me acostumado muito bem com a ideia de mudar de escola e ter que enfrentar todas aquelas experiências de novo.
Primeiro dia. Todos os olhares em você. E eu definitivamente não gostava de ser o centro das atenções. Sempre fiquei no anonimato e ninguém nunca teve problema com isso. Nem eu.
Ainda assim, acho que as coisas seriam um pouco mais fáceis graças à Gabriella, já que eu não chegaria no primeiro dia de aula sem conhecer ninguém.
Certo?
Deixei minhas preocupações de lado e terminei o banho. Amarrei a toalha no corpo e me olhei no espelho.
Meu cabelo era castanho claro e estava preso em um coque desleixado para não molhar no banho. Os olhos, azuis bem claros, quase como duas piscinas.
Eu não era muito baixa, mas também não era tão alta. Meu corpo não era dos melhores; até existiam algumas curvas, mas a minha magreza dificultava as coisas. Tanto que meus seios mal seguravam a toalha amarrada no busto.
Desamarrei-a e amarrei de novo, tentando não me irritar com isso outra vez.
Meus olhos pararam no colar de borboleta que eu havia ganhado de presente de meu pai. Quase que instantaneamente, eu o toquei, fazendo com que lembranças de minha infância invadissem minha mente.
Bons momentos os que passamos juntos. Como ele sempre me colocava para dormir, dando um beijinho de boa noite antes de dormir. Como passávamos as tardes brincando no jardim.
Ah, como eu sentia sua falta.
Por que você tinha que ir, papai?
Senti os olhos marejarem e resolvi sair do banheiro.
Não posso chorar. Tenho que ser forte.
Voltando ao quarto, peguei um vestido azul levinho. Los Angeles podia ser meio longe de Berkeley, mas era quente igual.
O que me lembrava: precisava de algumas roupas novas. Nova cidade, nova Emilly. Ou seja, novas roupas.
Calcei uma sandália e desci as escadas do corredor, encontrando minha mãe no andar de baixo.
- Bom dia, Em - ela disse, tomando um gole do café.
- Bom dia, mãe. Eu estava precisando de algumas roupas novas, queria mudar o visual um pouco... - falei enquanto pegava algumas panquecas - O que você acha de nós irmos ao shopping depois do almoço?
- Ah, perfeito! Eu estava mesmo querendo dar uma olhada na cidade, e ainda aproveitamos e fazemos umas comprinhas - animada, ela saiu dá cozinha aos pulinhos.
Depois de almoçarmos, eu e mamãe arrastamos Matt ao shopping e compramos vários lookinhos de verão, que me deixaram ansiosíssima para usá-los.
Não, eu não saía muito, mas isso não me impedia de fazer umas comprinhas de vez em quando.
Quando vi que já passavam das três da tarde e logo ficaria tarde, avisei:
- Mãe, quero ver se acho alguma biblioteca por aqui. Posso ir andando mesmo e a gente se encontra em casa?
- Pode, sim, Emilly. Vou só dar mais uma voltinha para ver se acho alguma coisa para o seu irmão, e depois vamos para casa. Só não chegue muito tarde.
Assenti em resposta.
- Mãe, eu já falei que não preciso de nada! Não quero mais roupas, só quero ir pra casa... - a voz de Matthew foi se dissipando enquanto eu saía do shopping, dando risadas.
Fui andando pelas ruas do centro, tentando achar uma biblioteca. Pedi ajuda a um senhorzinho muito simpático, que me mostrou o caminho até o lugar, que, graças a Deus, existia.
Sim, eu iria tentar ser uma nova pessoa, com hábitos mais sociáveis. Mas não poderia abandonar meus livros. Não os livros.
Assim que encontrei a biblioteca, adentrei. Ela não era gigante, com vários andares, ou algo assim. Mas, levando em conta o tamanho da cidade, até que era bem grande.
No balcão, uma senhora de cabelo branco e óculos de bolinhas perguntou:
- Boa tarde, como posso ajudá-la?
- Boa tarde. Onde fica a sessão dos clássicos?
- Segundo corredor à direita - informou, com um sorriso.
Agradeci e fui explorar o corredor. Livros de todas as épocas enchiam as estantes, deixando-me maravilhada com a variedade do lugar.
Passando os olhos, encontrei desde títulos de Shakespeare até de Jane Austen, uma de minhas autoras favoritas.
Decidi pegar Moby Dick. Esse era um dos livros que eu estava ansiosa para ler, mas acabei o deixando de lado, já que tinha que organizar a mudança para Berkeley.
Tive que me contentar com as histórias do Wattpad, mas, agora que já estava na cidade, poderia começar sem problemas.
No meio da minha procura pelo clássico, senti que estava sendo observada. Confirmei minhas suspeitas pelo canto do olho, notando um garoto ao meu lado.
Não só um garoto, mas um garoto lindo.
O mais lindo que eu já tinha visto.
Seu cabelo era de um castanho escuro estava bagunçado. Era bem alto, e parecia ser da minha idade. Vi alguns músculos saltando de sua camiseta branca, e desviei logo o olhar dali.
Quando ele olhou para mim, e pude ver o verde de seus olhos sobre algumas sardinhas, senti minhas bochechas esquentarem.
- Desculpe, estou só procurando um livro - ele falou, voltando o olhar para a estante, como se eu não estivesse ali.
Tentando me concentrar na estante, voltei a procurar Moby Dick. Assim que, finalmente, encontrei, levei minha mão até o livro para pegá-lo e sair.
Paralisei quando ela esbarrou em outra mão.
Ficaram se olhando e discussão de quem viu primeiro (olha os videos)
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.Aqui vai o segundo capítulo, meus amores, espero que tenham gostado!
O que acharam do garoto da livraria? Me contem nos comentários!
Não esqueça da estrelinha ;)
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Simples Assim
RomanceUm recomeço em uma nova cidade nunca é uma tarefa fácil, principalmente para uma garota tímida, como Emilly Thompson. Porém, é tudo o que sua mãe precisa depois da morte de seu pai. E Emilly, mesmo não gostando muito da ideia, é forte e pode tenta...