Noites sem dormir não são novidade para Lalisa Manoban.
Ela tem tido problemas para dormir desde que era uma criança, tanto que costumava ser pega em flagrante por algumas das tias enquanto corria pelo orfanato, escorregando no corrimão da escada com um de seus travesseiros. Elas nunca a repreendiam ativamente, às vezes ela gostaria que o fizessem.
Lisa olha para seu reflexo no espelho. Seus olhos estão injetados e há bolsas roxas escuras sob eles, sua pele perdeu o rubor saudável de antes e até mesmo seu cabelo parece opaco. Ela pega a escova de cabelo na penteadeira com as mãos trêmulas. Ela tem uma prova muito importante na tarde que vem, 70% da nota final depende só dela, e ela tem estudado muito nos últimos dias; agora, tudo que ela precisa é descansar. Lisa escova seu cabelo calmamente enquanto ouve o barulho do vento fora de seu apartamento. Ela não se lembra quando foi a última vez que dormiu durante a noite, muitas vezes acordando horas antes de o alarme tocar.
Há muito cabelo na escova de cabelo quando Lisa finalmente termina e ela os desamarra da escova com um suspiro. É hora de ela enfrentar a verdade.
"Eu preciso de ajuda", Lisa sussurra para seu próprio reflexo.
Sua voz é quase inaudível, tão fraca que o vento de fora a engole completamente. Lisa ajeita o cabelo sob um gorro rosa bebê - um presente de Jennie - e fecha a porta atrás dela com um estrondo quando ela sai de seu apartamento, aventurando-se sozinha na noite fria e escura.
A ponta do nariz fica congelada instantaneamente pelo tempo implacável e ela se abraça para se proteger do frio, o moletom cobrindo a ponta dos dedos. Ela sabe exatamente onde encontrar a ajuda urgente de que precisa.
Lisa está além do ponto de perguntar a Park Chaeyoung o que diabos ela faz para viver, escolhendo ficar de fora enquanto pode. Park Chaeyoung é um problema e embora Lisa não se importasse de sujar as mãos por Chaeyoung, sua amiga não é o tipo de problema que Lisa desejaria para ela. Ela vacila um pouco enquanto corre para atravessar a rua, o corpo cansado demais para compreender as ordens de seu cérebro.
Chaeyoung vive, por falta de uma palavra mais precisa, no porão de uma antiga sala de concertos, há muito tempo abandonada. Há uma pequena janela logo atrás da entrada principal que está conectada à 'sala de estar' de Chaeyoung , como ela a chama, e Lisa é pequena o suficiente para passar por ela sem maiores dificuldades. Ela quase perde seu gorro fazendo isso, no entanto. Seus pés mal fazem um som quando tocam o chão, um baque surdo, isso certamente não iria acordar Chaeyoung, caso ela estivesse dormindo. Porque claro, Chaeyoung nunca dorme às três da manhã.
Por razões muito diferentes, Lisa e Chaeyoung compartilham o mesmo problema. Enquanto a falta de sono de Lisa não tem nada a ver com qualquer merda ilegal que Chaeyoung tem em suas mãos, elas se uniram pela sua semelhança.
"Chaeyoung?" Lisa chama. O porão é quente e escuro e Lisa realmente odeia que Chaeyoung seja tão inflexível em viver em um lugar como este; como se ela precisasse de outro detalhe incomum para adicionar à sua aura já misteriosa e intimidante. Ela se vira para andar pelo lugar e encontra Chaeyoung curvada sobre sua mesa, uma lâmpada com uma iluminação muito forte ao lado de sua cabeça.
"Só um segundo", diz Chaeyoung. Quando Lisa se move para ficar cara a cara com ela, ela percebe que Chaeyoung está usando uma máscara. "Estou quase pronto."
"O que você está fazendo?"
Chaeyoung não responde, concentrando-se em terminar seu negócio primeiro. Quando ela termina, quinze minutos depois, Lisa está descansando contra a parede, com a cabeça para cima.
"Pronto", anuncia Chaeyoung. "O que foi, baby?"
Lisa revira os olhos. "O que você estava fazendo?"
