Capitulo 2

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Mayana

Hoje é sexta-feira, e Marco finalmente confirmou que não conseguiria ir mais cedo ao casamento de Sophia. Ele reclamou que tudo foi avisado em cima da hora, e que não tinha como ajustar sua agenda. Sempre fiz tudo que ele quis, mas desta vez seria diferente. Não magoaria minha melhor amiga, e, mais do que isso, não abriria mão de algo que eu queria de verdade. Ele não sabia que eu já havia aceitado ser madrinha, e muito menos que tinha apagado as mensagens com Sophia para evitar conflitos.

No café da manhã, ele parecia tranquilo, mas eu estava inquieta.
— Está tudo bem, gata? — perguntou enquanto se acomodava na mesa, me lançando um olhar investigativo.
— Tá sim. — Sorri, mas era um sorriso nervoso, forçado.

Depois do café, Marco saiu para o trabalho, e eu sabia que era minha oportunidade. Assim que ouvi a porta se fechar, corri para o quarto e comecei a arrumar minha mala. Coloquei o máximo de roupas que consegui, tentando ao mesmo tempo não fazer muito barulho. Antes de sair, escrevi um bilhete rápido e o prendi na geladeira. Era minha forma de explicar minha decisão, sem abrir espaço para discussões.

O bilhete

*"Querido Marco,

Estou deixando este bilhete para avisar que aceitei ser madrinha do casamento da Sophia e estou indo hoje para lá. Preciso ver minha família, respirar novos ares e ter um pouco de espaço. Te vejo no dia do casamento.

Beijos, Mayana."*

Com a mala pronta e o bilhete no lugar, saí do apartamento sem olhar para trás. Minha sorte era ter guardado algumas economias. Com elas, consegui comprar uma passagem de ida sem precisar depender de ninguém. Antes de ir ao aeroporto, mandei uma mensagem para meu pai, avisando o horário de chegada e pedindo que ele me buscasse. No caminho, senti uma mistura de alívio e ansiedade, como se estivesse prestes a atravessar uma ponte de volta à minha essência.

No avião, decidi desligar o celular. Precisava de paz, mesmo sabendo que Marco provavelmente não daria trégua. Por enquanto, escolhi a tranquilidade do silêncio.

A Chegada

Ao pousar no aeroporto da minha cidade natal, uma onda de alívio tomou conta de mim. O ar parecia mais leve, o ambiente mais acolhedor. Olhei ao redor, e lá estava ele, meu pai, com o mesmo sorriso caloroso de sempre. Corri em sua direção, sentindo os olhos lacrimejarem.

— Que saudade, minha filha. — Ele me envolveu em um abraço apertado, como se quisesse garantir que eu estava mesmo ali.
— Eu também, papai. Estava morrendo de saudade de você. — Minha voz falhou enquanto as lágrimas finalmente escorriam.
— Estou tão feliz por você estar aqui. — Ele pegou minha mala com um sorriso animado. — Sophia está eufórica, e Julieta te espera com um bolo de fubá quentinho, do jeitinho que você gosta.

Julieta, mãe de Sophia, foi uma figura materna para mim desde que perdi minha mãe. Sempre pronta para me acolher e cuidar de mim como se fosse sua própria filha. Só de ouvir o nome dela, um calor se espalhou pelo meu peito.
— Mal posso esperar para ver todos. — sorri, sentindo a animação crescer.

No carro, meu pai dirigia com o rádio tocando pagode, como sempre. Ele amava pagode, e, curiosamente, até disso eu sentira falta. Cada detalhe, cada canto da cidade, parecia gritar "lar".

Quando chegamos ao bairro, fomos direto para a casa de Sophia. Assim que desci do carro, ela veio correndo como um furacão e me envolveu em um abraço apertado.
— Eu nem acredito que você veio! — exclamou, rindo de felicidade.
— Eu não poderia te decepcionar, Sophi. Você é minha melhor amiga. — respondi, com lágrimas nos olhos.

Logo depois, Igor, seu noivo, veio me abraçar calorosamente.
— Maya, que saudade!
— Eu também, Igor. — Senti o carinho em seu abraço.

Por último, fui recebida por Julieta, que me segurou como se eu ainda fosse uma menina.
— Minha menina, que saudade que eu estava de você. Meu coração quase não aguenta de preocupação sem notícias suas. — disse, com a voz cheia de emoção.
— Me desculpa, tia. Tenho estado tão corrida. — murmurei, sabendo que era uma desculpa fraca.

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