Capítulo único

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Me pergunto o quão idiota eu fui para deixar meu melhor amigo ir embora sem nem mesmo me despedir.

Yamaguchi nunca me abandonou. Me acompanhou calado por grande parte da infância, e eu nunca o agradeci devidamente por permanecer ao meu lado. Talvez porque não entendia a razão de tê-lo comigo, nunca fui gentil e amigável como ele.

Um mês atrás, me mandou uma mensagem. Disse que queria falar comigo pessoalmente.

Fomos até o parquinho no qual íamos quando crianças, e lá, Yamaguchi contou que iria se mudar. Seu pai havia conseguido um emprego melhor, em Tokyo. Disse que provavelmente não voltaria.

Não queria que a única pessoa na qual eu me importava, mesmo que eu não admitisse, fosse embora. Estava sendo egoísta mais uma vez.

Ele disse que me amava.

Quase pedi para que ficasse, mesmo sabendo que não era possível. De qualquer forma, meu orgulho não permitiu.

Ignorei sua declaração. Com as mãos no bolso do suéter de dinossauro que ele tinha me dado em meu aniversário, fui embora sem olhar para trás. Achei que seria menos doloroso, mesmo que eu tenha observado seus olhos vermelhos e um sorriso triste em seu rosto antes de me virar.

Não conversamos mais depois daquele dia. E ontem, ele foi embora de Miyagi.

Desejei silenciosamente, da janela do meu quarto, que tivesse uma boa viagem.

Não importa quanto tempo passe, eu nunca irei esquecê-lo.

Gomen, Tadashi.

Gomen, TadashiOnde histórias criam vida. Descubra agora