YACHI HITOKA
1.
Vi Kozume atravessar a sala e sentar à mesa conosco; alguns fios do cabelo estavam presos atrás da orelha, e deixava à mostra o piercing solitário que ele tinha na orelha direita. Tetsuro chegou junto dele e meu coração passou a bater mais depressa, e me vi sorrindo como uma tola quando ele se sentou ao meu lado, seu sorriso sendo direcionado unicamente à mim, os seus dedos tocando os meus gentilmente em uma saudação.
A conversa não era interessante, pouco me importava com o que eles diziam. Continuei com a sensação de que eu não estava realmente presente e senti que Kozume compartilhava da mesma sensação; havia um estranho resquício de saudade apertando o meu coração quando olhava para ele. Seus olhos continuavam grudados nos próprios dedos, respondia às perguntas com vagos balanços de cabeça e dava sorrisos mornos para evitar mais questões. Eu não gostava de admitir, mas havia uma parte de Kozume que eu conhecia melhor do que qualquer outra pessoa, e era por isso que eu quase podia ver o descontentamento escorrendo de seus olhos durante a noite inteira. Eu podia ver claramente o quanto ele queria fugir.
Esperei a noite toda até que algum dos sorrisos de Kuroo fossem dados à mim novamente, mas só ganhei outro quando ele se despediu. Pedi para o acompanhar até a porta embora não houvesse muita distância da sala de jantar até a saída, no entanto, qualquer segundo que eu pudesse guardar para ele seria suficiente para mim.
Fechei a porta quando já estávamos do lado de fora, o vento gelado envolvendo todo o meu corpo.
— Está frio — ele falou de repente, escondendo as mãos dentro dos bolsos do casaco, encolhendo os ombros, virando o corpo na minha direção.
— Parece que vai nevar — disse, estando pouco interessada no clima daquela noite. Sustentei seu olhar no meu, minha respiração começando a falhar.
Eu estava com pouco coragem mas queria desesperadamente beijá-lo. Tetsuro não era ingênuo, certamente ele notava a maneira como eu o olhava ou como ficava estupidamente feliz quando ele estava por perto. Ele sabia, e era muito gentil para me dizer uma verdade que eu já sabia.
— Você quer sair comigo? — perguntei, já que beijá-lo era uma divagação distante.
Seus olhos fugiram dos meus subitamente, e suspirou em seguida, parecendo ponderar a minha pergunta.
— Aonde quer ir?
Meu coração pulou de surpresa.
— Estou bem com qualquer lugar.
Ele assentiu.
— Venho te buscar amanhã às sete.
Sorri, meus olhos me traindo outra vez, confessando a felicidade eu estava sentindo naquele momento. Estava com medo de que ele pudesse ouvir as batidas rápidas do meu coração, e apertei o pano da minha blusa infantilmente tentando conter minha euforia.
— Até amanhã — disse, esperando por seu próximo movimento.
Kuroo notou minha expectativa, e quando seu corpo se aproximou do meu, deixou um beijo em minha testa, seu toque sendo capaz de esquentar meu corpo por inteiro. Ele arrumou algumas mexas do meu cabelo atrás da minha orelha direita, e em seguida seus dedos apertaram gentilmente a curva dela, e pude perceber um nuance de decepção brilhar em seus olhos quando afastou sua mão.
— Boa noite — sorriu, me dando as costas.
Ainda fiquei minutos prolongados do lado de fora, o frio me fazendo tremer, presa naquele momento.
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tua visão sobre mim
RomanceOnde Yachi era apaixonada por Kuroo e Kuroo era apaixonado por Kenma.