Alinhamento (parte 2)

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A bata off white em algodão e linho se acomodava com dificuldade aos ombros largos enquanto alguns botões se mantinham abertos na altura do peito. Os olhos verdes cintilaram contrastando com o alaranjado que começava a desaparecer no horizonte.

Ele sorriu enfiando os dedos no mar avermelhado que os fios formavam em sua cabeça.

- Meu deus é o gostoso da praia! - Deniz disparou cravando os olhos nele que juntou suas sobrancelhas.

Hande fechou seus olhos desacreditada apertando os lábios um no outro. - ESTRANHO! Estranho da praia, eu quis dizer.
Não conseguiu ler a expressão dele.
Deniz se esticou para ela. - Ele é ainda melhor ao vivo.

Sussurrou.

Ela estava vermelha, conseguia sentir o rosto queimar. Estava acostumada a se ver em situações embaraçosas graças a amiga, mas desta vez em especial, ela tinha se superado.

- Estranho da praia? - A voz dele voltou a soar entre elas, tão límpida que a forçou a prestar atenção nele que a estudava com os olhos estreitos.

- Não achei tarado apropriado. - Deniz diz, Hande se engasgou com a própria saliva.

Ele riu.

Uma risada rouca que a fez se condenar por gostar de ouvir.

- A propósito, eu sou Deniz. - Ela estava mesmo fazendo aquilo. Estendeu a mão para o estranho no vão entre eles.

Ele sustentou uma expressão jacosa no rosto quando aceitou a mão dela em um cumprimento rápido. - Essa é a Hande.

Ela percebe o canto de sua boca se curvar e a mão dele se direciona para a ela.

Estava com o olhar fixo na mão forte que abrigava dedos longos quando ele repetiu seu nome, prolongando em sua boca. - Hande...

Uma das sobrancelhas dele se ergueu um pouco mais, pareceria estúpida demais se não aceitasse a mão dele?

Ainda lembrava da sensação dos dedos dele em volta de seu cotovelo na praia naquela manhã, poderia apenas acenar com a cabeça e evitar maiores constrangimentos, mas aquele estranho a puxava energicamente para ele.

Retesaram-se-lhe os músculos, cada um deles, principalmente os do seu cérebro, pois viu-se aceitando a mão dele.

Os dedos se fecharam em volta de sua pele, um toque suave e quente.
A eletricidade voltou a passear entre eles, Deniz limpou sua garganta.

- Kerem! - Disse sem soltar as mãos. - Estava me perguntando quando iríamos nos encontrar de novo...

Ela abriu a boca, mas foi atropelada por Deniz. - Ela também estava.

- Não estava! - Disse Hande sem fazer qualquer esforço para desfazer o contato.

Por alguma razão seus sentidos estavam embaçados, não conseguia completar seus pensamentos sobre seu namorado, e ao contrário das palavras que tinha acabado de dizer, tinha pensado naquele estranho por mais de uma vez ao longo do dia.

Os dedos dele deslizaram um pouco mais sobre a pele dela.

- Sabe de uma coisa... -Deniz se levantou do banco em um salto, agarrando seu drink entre as mãos. - Um amigo acabou de passar, você deveria se sentar, a Handemiyy estava me dizendo que gostaria muito de conversar com alguém diferente... Ela ama conhecer pessoas novas.

Poderia, deveria e queria muito avançar no pescoço fino dela neste exato momento, uma das áreas de sua vida em que ela encontrava mais dificuldades, era a social. Tinha barreiras internas que dificultava a interação com outras pessoas, sempre fora assim, sua irmã foi, durante sua infância e adolescência, a ponte dela com a sociedade, e agora com a irmã longe vivendo a própria vida Deniz havia preenchido o posto.

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