Eu te odeio.

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Eu estava quase dormindo, eu repito, eu estava quase DORMINDO! Quando um ser de luz, um querido, um amor, o amor de my life entrou no meu quarto e simplesmente se enfiou debaixo das minhas cobertas me abraçando!? Agora.. Em que momento eu havia dado esse tipo de liberdade? Nem eu sei. Tentei sair de seus braços, mas ele apenas rosnou me apertando em seus braços e eu entendi perfeitamente o recado. Não queria acabar com o resto de dignidade que ainda me restava após ver o tamanho daquela coisa no meio das pernas dele. Ainda estava envergonhado, bravo e sem nenhum pingo de paciência.

Havia explicado para ele como à televisão funciona, o celular, à geladeira, o microondas, o fogão, o telefone fixo, e vários outros objetos e utensílios que eram para a cozinha ou essencial para o dia à dia. Além disso, tive que explicar o que era o Scooby-Doo e o por que dele falar! Isso é uma coisa que ninguém sabe como responder além dos criadores que nunca abriram o maldito bico!?

Qual foi a explicação menos sem noção e com um pouco de sentido? Bom, eu respondi que o Scooby-Doo é um cão com dons especiais de fala, e que ele e seu melhor amigo, que tem nome de comida, se juntaram com seus colegas de infância para montar uma equipe que desvenda mistérios.

Ele havia ficado fascinado por aquilo e eu tive que caçar todos os filmes e desenhos com episódios para ele assistir, ele estava na sala até agora, e então foi só eu me deitar para finalmente descansar daquela viagem longa que ele decidiu aparecer.

Eu estava quase dormindo de novo quando senti suas enormes mãos vagarem pelo meu corpo e parar acima do meu peito me puxando para mais perto, prendi minha respiração quando senti ele me abraçar meu tronco e me puxar para mais dele, olhei por cima do ombro vendo sua silhueta através da penumbra escuridão que se encontrava o quarto e sua respiração bateu em meu rosto.

— O que foi? — Decidi por quebrar aquele silêncio e Geralt suspirou encostando a cabeça em meu ombro.

— Nada. — Respondeu simples.

— Não pode ser nada, você está me tocando e rosnou quando eu tentei me afastar. — Retruquei e ele me apertou em seus braços, mas nada disse.

Suspirei pegando meu celular e vi que eram 2 horas da manhã, eu estava cansado, com sono e ele não dizia nada, deixei meu celular na cômoda e fechei os olhos pronto para tentar dormir.

— Não vai insistir no assunto? — Questionou de repente, mas nem me dei o trabalho de abrir os olhos de novo.

— Não. — Respondi simples.

— Certo. — Murmurou se encostando mais em mim e permaneceu em silêncio. — Você está com cheiro de lobo, isso está me irritando. — Cortou o silêncio da novo e eu suspirei fundo.

— Estou vestindo à roupa de um amigo. — Respondi simples, não querendo prolongar à conversa, esse cara é um completo estranho para mim, sei que somos companheiros e o caralho à quatro, mas isso não o tornava menos que um estranho que estava me agarrando e deitado na minha cama.

— Você não gosta de mim. — Ele apontou e eu suspirei fundo antes de me virar para ele.

— Não, eu não gosto de você. — Respondi sincero. — Eu não conheço você, você é um completo desconhecido, minha adolescência toda fiquei ouvindo que você era o tal do meu príncipe encantado, o cara que ia me proteger e me salvar, mas eu não tinha você lá, em nenhum momento, quando eu mais precisei, quando eu mais pedi para você estar lá, você não estava. — Disse tentando me afastar, mas ele apenas me prendeu mais em seus braços. — Então não, eu não gosto de você. — Respondi sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. — Eu odeio você. — Sussurrei tentando me virar de costas ao menos, mas ele segurou em minha nuca e grudou seus lábios nos meus.

Tentei me afastar daquele toque, eu não queria ser tocado, não daquele jeito, não por ele e nem por ninguém, consegui me afastar quando ele afroxou o aperto e pulei para fora da cama saindo do quarto, entrei na cozinha e me apoiei na pia mordendo meu lábios inferior com força, peguei um copo após tentar normalizar minha respiração e liguei o filtro enchendo meu copo e tomando à água em longos goles para ver se eu conseguia me acalmar.

— O que aconteceu aqui? O que aconteceu com você? — Ouvi sua voz atrás de mim, mas ele não estava perto dessa vez, encontrei seu olhar pelo reflexo do janela da cozinha e o olhei por cima de ombro.

— Nada. — Respondi secamente e deixei o copo ali antes de me virar e seguir para fora da cozinha, tentando passar por ele que estava encostado no batente de porta.

— Ao menos vai me dizer o por que de me odiar? De precisar de mim? — Ele perguntou me encarando e tentou segurar em meu braço, mas consegui desviar de se agarre, sentia o olhar dele me queimando, isso me fazia se sentir despido diante de seu olhar, era estranho e humilhante.

— Você não merece saber. — Respondi rude e passei por ele, mas Geralt me puxou forte em sua direção e foi tudo muito rápido, ele me olhava nos olhos enquanto me prendia contra a parede, sua feição dura e séria me causaram medo.

— Eu mereço saber, você sabe que sim, você é meu companheiro, tenho que te proteger com a minha vida, você tem todo o direito de me odiar, mas não pode me deixar sem saber, não agora que eu estou aqui e com você. — Geralt disse me fitando intensamente, meus olhos ardiam devido às lágrimas e não consegui mais me segurar, sua expressão suavizou e ele me olhava agora sem saber o que fazer.

— Você não estava aqui, não me protegeu. — Murmurei desviando o olhar e me esquivei de seu toque quando ele tentou tocar meu rosto, ele parou com a mão assim, a centímetros do meu rosto, eu não o olhava, não conseguia o olhar sabendo que ele havia entendido, agora quem me odiaria seria ele.

— Quem? — Ele perguntou entre dentes e quando voltei meu olhar para o rosto dele, me assustei com o que vi, seu rosto estava pálido, os olhos amarelos e ao redor estavam negros, uma mecha de seu cabelo estava branca, sua feição estava sombria e me dava arrepios.

— Você não conhece. — O respondi conseguindo expulsar as palavras de minha boca e ele me olhou nos olhos, mas desviei o olhar.

— Eu não perguntei se não conheço, perguntei: quem? — Geralt  questionou e segurou em meu queixo, esperava um toque bruto e com repulsa, mas ele apenas segurou com delicadeza fitando intensamente meus olhos.

Sentia como se ele pudesse ler a minha alma, isso me fez se sentir mais uma vez despido em sua frente, engoli em seco quando ele se afastou, mas sem manter distância e me fitou com um olhar culpado, eu não entendi, vi seus olhos voltarem para à linda coloração azulada e ele me abraçou.

Não entendia o que estava acontecendo, mas, desse vez não consegui me afastar, ficamos um bom tempo parados naquele corredor, até ele se afastar e me puxar para entrarmos no quarto, ele se deitou ao meu lado e me abraçou, eu estava fazendo tudo no automático, mas pela primeira vez em muito tempo, estava me sentindo seguro.

Mesmo ainda o odiando, me sentia seguro.

O lobo Solitário. - Steralt.Onde histórias criam vida. Descubra agora