Ao abrir os olhos era possível ver a luminosidade pelo fogo das velas acessas ao redor da sala, as vezes sonhava estar fora daquelas paredes, com sua família, era tão realista que ao acordar parecia cair em um abismo profundo, escuro e o pior de tudo, solitário.
Não sabia a quanto tempo estava ali, somente sabia que faziam anos, anos sem ver o sol, sem ver o mar, sem ver a neve e principalmente, sem ver os sorrisos dos que eu tanto amo. Provavelmente eles já devem achar que morri.
É irônico pensar na vida estando aqui, a morte sendo a única coisa que lhe resta, algumas palavras perdem o sentido como esperança, ela seria uma piada, blasfêmia. Esperança não existe aqui, aqui só existe dor, triste, agonia e sofrimento, idiotas são os que pensam em esperança num lugar desses.
A pouca comida e água que me davam era o suficiente pra sobreviver mais um dia, ninguém podia falar ou ate mesmo olhar para mim, regras rígidas e devidamente respeitadas por todos. As torturas eram mais agonizantes conforme o tempo passava, muitas vezes desejando finalmente a morte por não achar que não aguentaria, mas no outro dia acordava para mais uma sessão daquele inferno particular no qual fora parte de seu destino. Sabia não se a única pessoa ali, a algum tempo passará a ouvir gritos de agonia e sofrimento vindos da parede ao lado, não sabia quem era, mas sabia ser uma mulher, e que a ruiva mais baixa em especial gostava muito de ir visita-la, pelas pequenas barras da porta de sua cela a via passar diversas vezes ao dia e logo os gritos começavam.
Sentia pena da pessoa no quarto ao lado, a voz fina gritando lembravam alguém, mesmo sem saber a quem, mas sabia que a moça sofria por passar o mesmo que ela, pelo costume já não gritava como antes, já não ligava tanto para as torturas físicas, essas com certeza não doíam tanto como as psicológicas, essas doíam mais do que poderia descrever, principalmente quando tinham haver com o passado, preferia esquecer de tudo antes daquelas paredes.
Seus pensamentos eram calados com o som da porta sendo aberta e por ela passar uma senhora, era ela que normalmente vinha trazer comida e água para si, ela se abaixa pondo a bandeja a frente, rapidamente pode notar que havia um pouco mais de comida que o de costume, antes dela levantar e sair, ao olhar para sua face nota ela pondo o dedo indicador sob os próprios lábios em um pedido de silencio mudo, do bolso do avental retira um molho de chaves, no qual prontamente destrava as algemas em meus tornozelos, não entendia o que estava acontecendo, a olhava sem entender o que estava fazendo ou o porque daquilo, mas logo ouve a mesma.
- Esta na hora de retomar a vida na qual sempre pertenceu._As palavras saiam baixo por seus lábios enquanto um olhar torno estava em sua face antes dela sair e deixar as chaves no chão perto dos pães.
Sem esperar muito guarda aquela chave dentre as roupas que usava, pega o pão e começa come-lo com um pouco de euforia, usava da água para engolir melhor e mais rápido ao pão que descia por sua garganta raspando pela secura. Não acreditava ainda no que acontecia, comia rápido enquanto sua mente processava todas as informações adquiridas a pouco, já pensando em como estariam, como voltaria para casa e somente uma pessoa vinha em sua mente, como será que ela estaria, será que ainda estaria brava por sua imprudência ou teria seu perdão quando retornasse, perguntas que não deixavam de vir a sua mente enquanto comia. Já havia comido dois pães, ainda tinha um que guardaria e um resto de água que deixara no cantil, se levantando calmamente indo ate a porta segurando nas barras, nota que os guardas que normalmente ficavam na porta da cela ao lado haviam sumido, talvez a moça tenha morrido, os gritos não tinham sido ouvidos desde o dia anterior, mas não ligava para isso no momento, pegava as chaves com cuidado por entre as roupas e tentava encaixa-las no buraco da fechadura ate ouvir a tranca se abrir, novamente passando seu olhar pelo corredor, tendo a certeza que não havia ninguém, andava o mais rápido que suas enfraquecidas pernas lhe permitiam.
O solado dos pés descalços machucados estavam machucados, as feridas ardiam a cada pisada no chão daquele extenso túnel, não sabia se estava indo para o lado certo e muito menos se iria conseguir sair dali, mas não podia voltar agora, precisava continuar sem olhar pra trás, era o que repetia em sua mente, olhando para a frente naquele túnel escuro podia ver ao fim um pingo de luz em meio a escuridão devastadora, não sabia exatamente o que sentir ou o que pensar, se apoiava nas paredes andando o mais rápido que conseguia, quase a correr e logo chegava cada vez mais próximo a luz.
Quando finalmente chega na fresta, estica a mão a frente vendo a pele antes branca agora suja e machucada, os olhos já ardiam um pouco pela luz, tanto tempo sem vez tanta luz fizera os olhos se desacostumarem com a claridade, pondo o braço colado a testa, abaixando um pouco a cabeça para impedir um pouco a luz de machucar as pupilas, sai pela fresta com certa pressa ansiava por aquilo, pela liberdade, pela vida.
O sol estava no céu deixando o ambiente aquecido e pouco úmido, a saída da fresta se dava ao inicio de uma floresta, onde logo entra sem pensar em nada, andava entre as grandes árvores sentindo aquele cheiro próprio de floresta, fazia anos que não o sentia, um terno sorriso escapa pelos lábios pouco secos enquanto andava seguindo em frente, não sabia onde iria dar, mas não pararia agora, precisa seguir, sabia que algo guiaria seu caminho para onde mais queria voltar, estaria voltando para aqueles que nunca deveria ter abandonado.
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Thieves Of Throne
Fanfic3 Temporada da Saga Offsprings (1 Descendentes/2 After The Snow) Depois da guerra, parece tudo ter se resolvido, muitas percas ocorreram no meio do caminho e muitas conquistas vieram. Mentiras do passado irão se revelar, a verdadeira natureza de m...