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Ozgur parou o carro e sentou de lado, segurando minha mão.

-Muito obrigada, você foi muito gentil! - falei sorrindo.

-Quero um beijo de agradecimento! - ele falou já inclinado em minha direção, a mão na minha nuca, nossos lábios se encontrando no meio do caminho.

Um beijo intenso, sedento, nossas bocas praticamente se alimentavam uma da outra, entre mordidas leves e línguas brincando suavemente.

Emine pigarreou e saiu do carro, e eu ri baixinho com a testa encostada na de Ozgur.

-Obrigado por hoje!

Passando a mão por sua barba, lhe dei um selinho e saí do carro.

Enquanto estava parada procurando a chave na bolsa, senti uma mão me segurando forte e gelei, já reconhecendo o toque e tentando me soltar.

-Mehdi, me solta!

-Quem é esse cara que você estava beijando? Hein, Zeynep?
Você acha que eu não vi?

-Mehdi, solta a Zeynep! - Emine gritou tentando tirar a mão dele de mim e ele deu um pequeno empurrão nela.

Ele estava com cheiro de álcool, descontrolado.

Eu não conseguia falar! Meu corpo inteiro tremia, meu coração estava acelerado, começava a me faltar o ar.
Outra crise de pânico, não, agora não, por favor!

-Eu te fiz uma pergunta! - ele gritou, as veias do pescoço saltando. - Mehdi me sacudiu forte uma, duas vezes.
Quando dei por mim, Ozgur o tinha empurrado para longe de mim.

-Solta ela! - ele falou indo para cima de Mehdi.
-Não se mete com a minha mulher! - Mehdi empurrou Ozgur e tentou acerta-lo em um soco, mas errou a mira.
Mehdi continuou indo para cima de Ozgur, até que ele cansou de só desviar e o acertou no olho.

Alguns vizinhos olhavam da janela a cena, aquela hora da madrugada, talvez pela gritaria.

-Você é uma vadia! Isso não vai ficar assim! - Mehdi gritou transtornado vindo em minha direção, mas Ozgur foi mais rápido, o empurrando mais uma vez, tanto que ele caiu no chão com a força.

-Mehdi, deixa de loucura! - Emine estava tremendo, mas agachou e conseguiu o convencer a ir embora.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto sem parar.
Ozgur passou a mão pelos meus braços, me fiscalizando.

-Ele te machucou?

Balancei a cabeça que não, mas ele não estava convencido.

-Você está com a marca dos dedos dele. Que filho da puta, infeliz!

Ozgur me abraçou e encostei a cabeça no peito dele, ainda chorando.

Ele me embalou, acariciando meu cabelo, tentando me transmitir calma.

Ouvi a voz de minha amiga, dizendo que estava abrindo a casa com a chave reserva, que ficava embaixo do vaso de plantas.

-Vem, vamos entrar! - o peguei pela mão, entrando enfim em casa.

-Você tem certeza que ficar aqui é seguro?

Definitivamente, eu sabia que não.

-Pega algumas roupas, o que você precisar. Dá um tempo daqui. Se esse cara voltar...

-E eu vou pra onde essa hora? - o questionei pensando para onde eu iria.
Mehdi não descansaria enquanto não me achasse.

-Tenho um lugar que você pode ir.
Aceita, por favor?
Não ficarei tranquilo, não depois do que eu vi.

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⏰ Last updated: Jan 16, 2021 ⏰

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Redescobrir - ZeyGurWhere stories live. Discover now